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Novo livro de Paulo Coelho é destituído de emoção
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
19/04/2003 | 16:51
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Apesar de Paulo Coelho dizer que não gosta de ver seus livros transformados em filme, seu novo Onze Minutos (Rocco, 256 págs., R$ 29,50) daria um bom roteiro para Hollywood. Os ingredientes: moça brasileira pobre, vítima de suas ilusões, vai parar na Suíça e é levada pelas circunstâncias a se prostituir. Os efeitos colaterais: superficialidade e final obviamente feliz.

Conhecido por tratar de temas místicos, como em suas primeiras e mais famosas obras O Diário de um Mago e O Alquimista, Coelho desta vez conta a história de Maria, nome fictício de uma brasileira real. Ela saiu do interior do Nordeste (o autor não cita o Estado) e foi para o Rio com a intenção de conhecer um novo mundo e possivelmente um marido com quem formaria uma família.

Conhece, no entanto, um empresário europeu que a leva para ser bailarina na Suíça. Não demora muito para se prostituir e, como conseqüência, adiar seus sonhos.

O livro amarra sexo, sonhos e amor. O título, Onze Minutos, refere-se ao tempo que dura uma relação sexual, segundo a protagonista, excluindo-se a sedução e as preliminares. O dilema de Maria é: “Vejo que aqueles que me tocaram a alma não conseguiram despertar meu corpo, e aqueles que tocaram meu corpo não conseguiram despertar minha alma”.

Meses depois, ela conhece o pintor Ralf Hart em uma cafeteria, de onde se vê a placa que indica o Caminho de Santiago. Com essa referência ao tema que abordou em O Diário de um Mago, Coelho se inclui na história. “Minha parcela está inserida no personagem masculino com os seus encontros e desencontros no caminho do sexo”, afirma o escritor.

Não há misticismo e não há ficção. Segundo o próprio autor, seu 11º livro é 100% realidade. Talvez por isso – apesar de não ser um motivo convincente – não há emoção nem clímax. Um instante de conflito, que logo se esvazia, é quando Maria descobre que pode estar se apaixonando por Ralf e ao mesmo tempo conhece um cliente que lhe ensina os prazeres sadomasoquistas.

A tiragem prevista para a primeira edição de Onze Minutos no Brasil é 200 mil exemplares, um recorde no país. “É uma aposta da editora”, diz o escritor. Também com 200 mil unidades, o livro sai na França e na Itália.




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