Até a última sexta-feira, 200 cartas endereçadas ao Papai Noel já haviam chegado às 51 agências dos Correios do Grande ABC. Além dos tradicionais pedidos de brinquedos, as crianças pedem alimentos e, principalmente, empregos para os pais. Um garoto de 9 anos, morador de Ribeirão Pires, foi mais além: enviou também um currículo de seu pai. Caso o bom velhinho o atenda, diz que poderá levar uma “vida digna” com a família. A partir de terça-feira, as pessoas interessadas em adotar uma dessas centenas de correspondências devem se dirigir a uma das sete agências centrais da região (veja locais abaixo).

Lá, as cartas já estarão abertas e separadas, de preferência, pelos pedidos – que vão de brinquedos, roupas e calçados até solicitações de cestas básicas e remédios. Outro fato surpreendente é a quantidade de adultos que ainda escreve para o Papai Noel. É o caso de uma mulher de Ribeirão Pires, de 43 anos, que diz não ser mais criança, mas que sempre acreditou nos seus sonhos. Analfabeta, ela pediu para o vizinho escrever. Em um dos parágrafos, diz ser muito pobre e humilde. “Nem comida nós temos para comer. Os meus netos choram de fome.”

“A expectativa é atender um grande número desses pedidos”, disse Antonio Rabello, gerente da Região Operacional Santo André dos Correios – agência central que recebe todas as cartas do Grande ABC endereçadas ao Papai Noel. Assim que chegam, os endereços dos remetentes são digitados no computador. Dessa forma, todas as cartas enviadas ao velhinho de barba branca são respondidas por um cartão-padrão, assinado pelo próprio. A mensagem é renovada a cada ano.

Nos últimos 13 anos, Papai Noel já respondeu a 53 mil correspondências, desde que o programa foi implementado na Região Metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista. No Grande ABC, o serviço chegou há três anos. Antes, as milhares de cartas desse tipo que chegavam às agências dos Correios acabavam incineradas. O motivo para a destruição era simples: não tinham a quem ser remetidas. A maioria trazia apenas como endereço Pólo Norte ou Lapônia.

Depois de digitados os endereços dos remetentes, as cartas são abertas e separadas de acordo com os pedidos, segundo Rabello. A tarefa, nesse caso, fica por conta de funcionários da agência. Em algumas regiões, o enorme volume de correspondências implica até na requisição de voluntários. As cartas que chegarem até o próximo dia 22 serão recebidas, separadas e respondidas. “O mesmo prazo deve ser obedecido pelas pessoas interessadas em adotá-las nas agências centrais dos Correios”, explicou Rabello.

Funcionários – A expectativa é que passe de 500 cartas na região, número registrado no Natal do ano passado. Em 2002, foram respondidas mais de 12 mil cartas na Região Metropolitana e Baixada Santista – das quais três mil tiveram os pedidos atendidos, inclusive alguns de empregos conseguidos com a rede de fornecedores dos Correios. Como nos três anos anteriores, os funcionários das agências do Grande ABC também irão adotar algumas cartas e distribuir presentes e cestas básicas. Na semana do Natal, alguns carteiros estarão vestidos de Papai Noel pelas ruas das região.

Locais onde adotar as cartas
Todas as agências funcionam das 9h às 17h nos dias de semana e das 8h às 12 aos sábados (exceto em Rio Grande da Serra, que fecha)
Santo André - praça IV Centenário, 6, Centro - 4438-4455
São Bernardo - av. Brigadeiro Faria Lima, 845, Centro - 4330-4248
São Caetano - rua Manoel Coelho, 104, Centro - 4229-1700
Diadema - av. Nossa Senhora das Vitórias, 199, Centro - 4056-2684
Mauá - praça 22 de Novembro, 81, Centro - 4547-2207
Ribeirão Pires - rua João Domingues de Oliveira, 306, Centro - 4827-5702
Rio Grande - rua José Maria de Figueiredo, 259, Centro - 4820-1755