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Dois moradores de rua morrem de frio
Luciano Cavenagui e Vanessa Selicani
Do Diário do Grande ABC
05/06/2007 | 07:00
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Dois moradores de rua morreram de frio na madrugada de segunda-feira na região. Um caso foi em Mauá e o outro em São Caetano. A madrugada de segunda-feira foi a mais fria do ano na região metropolitana, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Capital, que registrou 4,1ºC.

Em Mauá, Mauro Pedroso, 41 anos, morreu em frente ao Centro de Recuperação Camille Flamarion, no Jardim Mauá. Único albergue da cidade.

Segundo vizinhos, o centro se recusou a atender a vítima. “Muita gente ouviu ele gritando à noite e batendo na porta”, relatou a estudante Meire Ellen Tangerino, 23 anos.

A versão da presidente e fundadora da entidade, Ilda Lopes Ortiz, 60 anos, é outra. Ela afirma que o morador de rua estava muito bêbado e não quis entrar. “Ele já veio aqui outras vezes, mas não podemos obrigar ninguém a entrar. Lamentamos muito a morte.”

Pedroso era visto com freqüência no bairro. Ele teria sido levado por duas pessoas até a porta do abrigo, onde uma mulher – que ninguém soube dizer quem é – teria lhe dado uma manta para se cobrir, segundo vizinhos. Uma ambulância foi chamada às 5h pelo centro para socorrer o homem, mas ele já estava morto.

O homem era alcoólatra e morava havia seis meses na rua, de acordo com seu sobrinho Vanderson Pedroso Madruga, 20 anos. Ele tinha três filhas, de 7, 8 e 11 anos.

A secretária de Assistência Social do município, Silvia Grecco, afirmou que desde o início de maio começou a Operação Inverno. “Nas noites mais frias, equipes fazem rondas e disponibilizam o abrigo, cobertores e sopa aos moradores de rua. Não podemos forçar ninguém a ser atendido, segundo a lei. As equipes são treinadas em como abordar essas pessoas”, disse a secretária.

Em São Caetano, a vítima também é homem. Ele tinha aproximadamente 60 anos e foi achado às 6h30 na marquise da casa de shows Vitória Hall, no Centro. Segundo a Prefeitura, nas noites frias, equipes formadas especialmente por assistentes sociais e guardas municipais fazem rondas pela cidade. Quando o morador de rua consente, é levado para uma das três entidades disponíveis. Nenhum assistente ou guarda teria visto o morador na madrugada de segunda-feira.

“Com o frio intenso, o fígado e os músculos não conseguem produzir calor suficiente e há alteração no metabolismo do corpo, causando a morte”, explicou o infectologista Paulo Olzon Monteiro da Silva, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), só nesta quarta-feira à tarde a temperatura irá subir cerca de quatro graus, com a dissipação da massa de ar seca e fria que veio da Argentina. A temperatura do instituto diverge do CGE. Para o Inmet, segunda-feira foi a segunda madrugada mais fria do ano, com 8,7ºC.




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