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Petrobras quer investir US$ 87 bilhões até 2011
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
22/07/2006 | 08:09
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Um plano de investimentos que é um desafio não só para a Petrobras mas para toda a cadeia de fornecedores do segmento foi anunciado sexta-feira pela companhia de petróleo. A estatal planeja investir de 2007 a 2011 um total de US$ 87,1 bilhões, dos quais US$ 75 bilhões no Brasil. "Não será algo fácil pela necessidade de cumprimentos dos prazos dos projetos", afirmou o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, em entrevista coletiva à imprensa sexta-feira na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

A dificuldade se deve ao fato de que o mercado mundial de fornecimento de bens e serviços para a atividade está aquecido e, em alguns casos, no limite de sua capacidade. Azevedo cita por exemplo que não há estaleiros disponíveis para transportar o equipamento destinado à ampliação da produção de gás natural da Bacia de Santos antes do segundo semestre de 2008.

Mas o que é um desafio pode ser também uma oportunidade para os fabricantes nacionais. A companhia pretende que 66% do montante de investimentos relacionados aos projetos no país sejam colocados para produtores nacionais ligados ao setor, o que resultará em uma média de US$ 10 bilhões ao ano nesse mercado. Outro benefício será na geração de empregos. Deverão ser criados, em média, no período, 225 mil postos de trabalho diretos e 615 mil indiretos ou resultantes do efeito da renda gerada no Brasil.

Azevedo ressalta que a oportunidade exigirá investimentos também dos elos brasileiros da cadeia produtiva. "Se a indústria brasileira não se preparar teremos de recorrer aos fornecedores do mercado internacional, que já estão em sua capacidade plena", disse, referindo-se a segmentos como a fabricação de navios, sondas, geradores e motores para a atividade.

São Paulo – As perspectivas são especialmente promissoras para empresas ligadas ao fornecimento da Petrobras no Estado de São Paulo. Do total de US$ 75 bilhões que serão investidos no país, a companhia aplicará 14% desse montante, ou seja, US$ 10,2 bilhões, em projetos em São Paulo. Os outros US$ 64,8 bilhões serão em outros Estados, mas parte desses recursos poderá ir para produtores paulistas, devido à força tecnológica da indústria local.

E dos US$ 10,2 bilhões, quase metade disso (US$ 4,47 bilhões) será em refinarias, entre elas a Recap (Refinaria de Capuava), em Mauá, para o aumento da capacidade e melhora da qualidade dos produtos. Outros US$ 1,5 bilhão vão para a ampliação de dutos e alcooldutos, US$ 428 milhões na expansão da rede de distribuição de gás e US$ 3,3 bilhões no desenvolvimento de reservas da Bacia de Santos, entre outros investimentos.

Energia – Uma das metas da Petrobras é se consolidar como uma empresa de energia, e não apenas de petróleo e gás. A estratégia é se fortalecer na área de combustíveis renováveis, os chamados biocombustíveis – biodiesel, H-bio (óleo vegetal) e álcool – e expandir também na área petroquímica.

Entre os projetos estão a exportação de 3,5 milhões de m³ de etanol (álcool), o processamento de 425 mil m³ ao ano de óleo vegetal e a disponibilidade de 855 mil m³ de biodiesel ao ano até 2015. Esse último item exigirá parceria com a agroindústria brasileira, já que a companhia não será produtora mas compradora desse combustível, que tem de ser adicionado (2% de proporção) ao diesel utilizado nos veículos.

Mas a idéia não é descuidar do seu mercado tradicional. A empresa espera ampliar a produção de petróleo e gás em 7,8% ao ano de 2007 a 2011. A meta é chegar a 3,49 milhões de barris por dia no final desse período.

Outro objetivo é melhorar as margens de lucro do negócio. Para isso, deverá intensificar o foco em reservas de óleos leves, que tem maior valor agregado (ou seja, preço melhor) e menor impacto ambiental do que os pesados – que são o forte da companhia. "A diferença chegou a US$ 45", disse Azevedo.




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