Política Titulo São Paulo
Doria e França chegam embolados na disputa ao Estado

Em segundo turno acirrado, ex-prefeito da Capital tenta manter hegemonia tucana em S.Paulo; atual governador quer quebrar dinastia de 24 anos

Raphael Rocha
28/10/2018 | 07:00
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Montagem/Denis Maciel/DGABC


 O eleitor paulista demorou 16 anos para votar em segundo turno e agora vê um dos pleitos mais acirrados da história do Estado. Ex-prefeito da Capital, João Doria (PSDB) busca elevar a hegemonia do tucanato em São Paulo. Por outro lado, o atual governador Márcio França (PSB), que herdou a cadeira com a renúncia de Geraldo Alckmin (PSDB), busca levar outro partido ao comando do Palácio dos Bandeirantes, o que não acontece desde 1990. Em pesquisa realizada pelo Datafolha e divulgada ontem, França alcançou os 51% dos votos válidos contra 49% do adversário. O Ibope apontou empate: 50% para cada um.

O legado tucano vem desde 1994, quando Mário Covas venceu Francisco Rossi no segundo turno. Essa dinastia foi colocada em xeque por cisão no grupo governista. Ao se viabilizar como vice de Alckmin, França sonhava com aglutinação de forças em seu nome, mas Doria, fenômeno eleitoral de 2016 ao se eleger no primeiro turno prefeito da Capital, renunciou ao posto com discurso de manter o histórico de vitórias do PSDB. Esse movimento desagradou aliados do então governador – e até mesmo tucanos históricos resolveram embarcar na candidatura de França.

Doria liderou no primeiro turno, com 6,4 milhões de votos (31,7% dos válidos). França buscou a recuperação na semana da eleição e superou Paulo Skaf (MDB) – o socialista recebeu 4,36 milhões de votos e o emedebista, 4,26 milhões.

No segundo turno, França aglutinou apoio da maioria dos adversários, entre eles o de Skaf. O PT, que teve Luiz Marinho como representante e ficou na quarta colocação, pregou o voto antiDoria e evitou aderir oficialmente à campanha de França (mas, nos bastidores, está engajado). Todos esses ingredientes transformaram a etapa final do pleito em guerra eleitoral. As pesquisas de intenções de voto trouxeram o acirramento entre Doria e França, num duelo que deve ser decidido voto a voto. Em 1990, quando Luiz Antônio Fleury Filho se elegeu governador de São Paulo pelo então PMDB, derrotou Paulo Maluf com 51,77% dos votos válidos contra 48,23% – até hoje é a menor diferença desde a redemocratização do País.

Doria atrelou a imagem de petista ao adversário. Resgatou discursos de França, então deputado federal, elogiosos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, hoje preso em Curitiba) e também ressaltou o apoio recebido pelo rival por segmentos da esquerda. Além disso, se colocou como candidato de Jair Bolsonaro (PSL) no Estado, mesmo sem ter aval para tal atitude. Por outro lado, França explorou a rejeição de Doria na Capital – índice que saltou com a renúncia do tucano do cargo de prefeito. Também lembrou que Doria traiu Alckmin, então padrinho político, ao sinalizar concorrer à Presidência.




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