Área tombada pelo patrimônio histórico estadual em Ribeirão será cedida ao Sesi, que fará restauro
A Fábrica de Sal de Ribeirão Pires, patrimônio tombado em fevereiro pelo Condephaat-SP (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), poderá abrigar eventos e atividades culturais após reforma que será feita pelo Sesi (Serviço Social da Indústria), afirmou a presidente do CMDPNC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural de Ribeirão Pires), Fabiana Cristina Gonçalves.
A Câmara Municipal aprovou nesta semana projeto que cede a área onde está a fábrica para o Sesi, que vai instalar no local unidade escolar (a que existe na cidade está interditada desde 2010, pois está em área com risco de deslizamento) e providenciar a reforma e restauração do imóvel, que tem 120 anos. “Temos um bem que estava em ruínas, a ponto de corrermos o risco de perdê-lo”, completou Fabiana.
De acordo com o projeto aprovado, toda a área – que inclui o prédio da antiga Fábrica de Sal e outros dois imóveis, onde funciona uma biblioteca e a escola Lavínia Figueiredo – será cedida. “O Sesi se colocou à disposição para nos ajudar a usar o local para fins culturais. Vai agregar para a cidade e para toda a região”, avaliou a presidente.
O diretor de patrimônio cultural de Ribeirão Pires, Marcílio Duarte, relatou que ainda não existem detalhes sobre o projeto de restauração, mas destacou que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mantenedora do Sesi, conta com corpo técnico de engenheiros e técnicos capazes. “Esse projeto inicial já foi aprovado pelos conselhos municipal e estadual de patrimônio, e também pelo CATP (Centro de Apoio Técnico ao Patrimônio). É um projeto coerente com a defesa do patrimônio”, pontuou.
Duarte afirmou também que existe o compromisso, por parte do Sesi, de não sobrepor o prédio da Fábrica de Sal nem vertical nem horizontalmente. “Significa dizer que o imóvel que vai abrigar a unidade escolar não pode ser mais alto do que a fábrica, para não tampar a visão, ou seja, haverá valorização do patrimônio histórico”, concluiu. Assim que estiver pronto o projeto da restauração, os conselhos de patrimônio serão consultados.
O presidente da Associação Pró-Memória de Ribeirão Pires, Octavio David Filho, relembrou que passou parte da infância brincando nas antigas instalações do Moinho de Trigo Irmãos Maciotta, o primeiro moinho à vapor do Estado de São Paulo e o segundo mais antigo do País. “Havia rampa entre os dois andares, que usávamos de escorrega”, recordou. “Acompanhei de perto a vida deste moinho e liderei o movimento para dar à escola o nome da primeira professora formada na cidade”, completou.
David Filho afirmou que está satisfeito com a restauração do espaço – que fez questão de frisar, nunca foi uma fábrica, e sim uma beneficiadora do sal que vinha do Nordeste e que, por isso, é um “erro crasso” o termo Fábrica de Sal, embora já esteja consolidado. Para ele, ter no local uma unidade escolar é melhor do que um shopping, como chegou a propor o ex-prefeito Saulo Benevides (MDB). “Vamos acompanhar para que se preservem os símbolos da cidade”, concluiu.
Em nota, o Sesi informou que a área doada pela Prefeitura refere-se ao terreno onde se encontra a antiga Fábrica do Sal, que será preservada e restaurada oportunamente. “Essa restauração depende ainda de estudo do nível de necessidade de restauro e do uso que será dado a esse prédio. Por isso, os valores dependem dessas variáveis, bem como a determinação de prazos futuros”, completou o comunicado.
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