Pai do prefeito afastado nega racha entre grupos, mas transparece descontentamento com relação
Presidente da Câmara de Mauá e pai do prefeito afastado da cidade, Atila Jacomussi (PSB), Admir Jacomussi (PRP) relatou que a prefeita em exercício do município, Alaíde Damo (MDB), ainda não foi visitar o filho, dando sinais de desconforto na relação dos dois grupos. Porém, negou racha entre eles.
Após conduzir a primeira sessão após a soltura de Atila – ocorrida na terça-feira, após Gilmar Mendes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), acolher pedido de habeas corpus –, Admir conversou com jornalistas e relatou alívio em ver o filho fora da cadeira. Atila foi preso no dia 9 de maio, na esteira da Operação Prato Feito, conduzida pela PF (Polícia Federal) e que apontou desvio de recursos em contratos de merenda e uniformes escolares. Desde então, Admir não conseguiu ver o socialista.
Ao ser indagado se Alaíde foi visitar Atila – ela foi candidata a vice na chapa do socialista –, Admir confirmou que o encontro não aconteceu. “Cada um tem sua opinião. Ele (Atila) também acabou de chegar. Está se recuperando, com familiares, mulher, mãe, filho. Se atendo a isso”, disse. Questionado se havia distanciamento entre as partes, foi sucinto: “Não existe racha nenhum”.
Nos bastidores, porém, a informação é que houve desentendimento entre os grupos. Isso porque Atila havia solicitado o menor número de mudança possível em seu governo durante a prisão – já que ele esperava sair rapidamente da detenção, o que não se confirmou. Alaíde, por outro lado, exonerou todos os indicados de seu ex-genro, o ex-secretário de Obras José Carlos Orosco Júnior (PDT), e também promoveu alterações em quadros ligados a Atila, em especial na Secretaria de Educação e no Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini.
Admir declarou que Atila, neste primeiro momento, “vai respeitar as medidas cautelares” impostas a ele e “não vai se envolver neste momento na política em si”. Solto pelo STF, Atila viu o TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região impor série de restrições a ele, como afastamento do cargo, impedimento de adentrar à Prefeitura e até retenção do passaporte. A defesa do socialista prometeu ingressar com pedido de reconsideração dessas medidas.
“Fiquei muito feliz em vê-lo novamente na cidade, junto com a gente. A cidade estava até meio estranha e continua. Está quieta. O Atila é prefeito que se movimenta muito, trabalhando muito, indo para todos os bairros. Infelizmente aconteceu isso, mas acredito muito na Justiça e tenho a certeza que vai ser provada a inocência dele”, avaliou o presidente do Legislativo. “Ficamos muito chateados. A gente sabe que ele é inocente. Vai ser provado, inclusive, pelo material dentro da Prefeitura. A avaliação é da Justiça. A Justiça é que vai decidir isso, a gente tem fé na Justiça e em Deus.”
Sobre o período de licença do filho estar próximo de vencer, Admir se baseou na tese dos advogados de Atila: não está configurada a vacância da função porque o político não se ausentou por motivos de saúde, morte ou dolosamente, e sim por uma determinação judicial. “Isso não existe mais. O mandato está suspenso, através de uma liminar.”
Tese pelo fim da taxa do lixo ganha força na Câmara
Mais uma vez a taxa do lixo foi pauta da sessão na Câmara de Mauá. Com as galerias destinadas aos munícipes cheias, vereadores debateram a validade do tributo, aprovado no fim do ano passado pelo Legislativo. Em demonstração de fortalecimento da tese do fim da cobrança, requerimento confeccionado pelo oposicionista Marcelo Oliveira (PT) e pelos governistas Gil Miranda (PRB) e Ricardinho da Enfermagem (PTB) pedindo a revogação do imposto foi adiado com placar apertado – 12 a nove. Nunca antes a oposição havia conquistado tamanha adesão.
O governo da prefeita em exercício de Mauá, Alaíde Damo (MDB), prometeu rever o modelo da cobrança e a base de cálculo de alguns casos, além de aumentar o subsídio do Tesouro para acrescentar faixa de isenção. O assunto pautou reunião ontem pela manhã entre a prefeita interina e a base de vereadores.
Ficou acertado que, na semana que vem, projeto de lei com alterações na taxa do lixo virá à Câmara, juntamente com proposta de redução de cargos em comissão. A atual administração prometeu extinguir a Hurbam (Habitação Popular e Urbanização de Mauá), autarquia municipal.
“O requerimento se tornou inviável no momento, tendo em vista que já há decisão de mudar a tabela”, discorreu o vereador Manoel Lopes (DEM). “Executivo vai ampliar o subsídio. Vai bancar a diferença, com subsídio: de 20% vai para 30%.”
Presidente da Câmara de Mauá, Admir Jacomussi (PRP) declarou que não antecipará seu voto na discussão desse pacote de projetos e evitou tecer avaliações sobre a vontade do governo interino em rever o tributo. “Vamos ver como vai vir o projeto. O que o Executivo está argumentando é redução na taxa, com subsídio da Prefeitura, voltando aos valores iniciais. Não sei por que foi adiado (para terça-feira). Acho que estão aguardando um estudo que está sendo feito. Esperando informação da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá).”
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