Economia Titulo Abaixo do estimado
Postos da região cortam R$ 0,31 no diesel após determinação

Desde início da greve, porém, gasolina e etanol subiram R$ 0,25 e R$ 0,27, respectivamente

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
05/06/2018 | 07:10
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


A redução de R$ 0,46 no litro do diesel, em relação ao preço de 21 de maio – quando a greve dos caminhoneiros teve início –, deveria começar a ser repassada às bombas ontem, conforme publicado no DOU (Diário Oficial da União) de sexta-feira. No entanto, na região a redução média foi de R$ 0,31. Segundo os postos revendedores, o repasse do valor estipulado pelo governo será feito conforme o produto chegar com menor valor das refinarias. Como parte dos estabelecimentos conta com estoque anterior à determinação, o consumidor ainda não sentiu a diferença no bolso.

A equipe do Diário percorreu ontem seis estabelecimentos no Grande ABC e o valor médio encontrado para o diesel foi de R$ 3,35, ante R$ 3,66 verificado na semana entre 20 e 26 de maio pela ANP (Agência Nacional do Petróleo). A variação dos preços chega a 3,31%, com o combustível sendo vendido entre R$ 3,32 e R$ 3,43. Ao mesmo tempo, o etanol encareceu R$ 0,27 – de R$ 2,63 para R$ 2,90 – e, a gasolina, R$ 0,25 – passando de R$ 4,13 para R$ 4,38.

Conforme publicado pelo Diário, até sexta-feira a maioria dos revendedores da região vendia o diesel com redução de R$ 0,21, afirmou Wagner de Souza, presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR). A ação havia sido reflexo do corte de 10% no preço do diesel nas refinarias por 15 dias, implementada pela Petrobras no dia 23. As reduções, vale ressaltar, não são cumulativas. O desconto total será de R$ 0,46.

Quanto a esse repasse, alguns estabelecimentos já reduziram o valor, ainda na semana passada, como é o caso de posto Shell no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo. O local, que ainda sofre com a falta de gasolina e etanol comum, recebeu diesel na quinta-feira, segundo o gerente Francisco Marques Velino.

No mesmo bairro, posto Ipiranga cortou R$ 0,50 do combustível desde que o recebeu no domingo. Já no vizinho BR o abastecimento ainda não chegou. “Mas, quando vier, vamos baixar R$ 0,46, conforme a determinação, mas antes de acabar o estoque anterior já tínhamos reduzido um pouco”, contou o gerente Carlos Antônio Polirola.

Em Santo André, no bairro Jardim, posto sem bandeira ainda não barateou porque, segundo funcionário que pediu sigilo, ainda não havia recebido combustível com preço menor. “Reajustamos sempre conforme o valor da nota que vem da refinaria”, disse. Na Vila Sacadura Cabral, na mesma cidade, frentistas de um Ipiranga que também pediram para não serem identificados informaram que a ordem foi para baixar apenas R$ 0,40 no litro do diesel.

De olho nos estabelecimentos que não cumprem a determinação, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, afirmou, na tarde de ontem, que a prioridade do governo é fiscalizar o preço do diesel nas distribuidoras e revendedoras. Porém, os estabelecimentos visitados pelo Diário ainda não haviam recebido fiscalização. Vale lembrar que aqueles postos que comprovarem, por meio de nota fiscal, que o estoque é anterior à determinação não serão prejudicados.

O Diário também notou que ainda não constavam nas tabelas de preços os valores atual e cobrado no dia 21 de maio pelo diesel, medida obrigatória aos estabelecimentos. “Estamos orientando os postos que exponham os valores, mesmo que em uma folha de papel A4 na bomba. Acredito que muitos ainda não o fizeram porque não receberam o combustível novo, e também porque era previsto para constar no DOU de ontem, o que não aconteceu”, diz Souza.

NAS ALTURAS - Quanto ao etanol e à gasolina, o encarecimento nas bombas, segundo os revendedores, ocorre por causa da elevação dos preços nas usinas e refinarias. Para se ter ideia, entre quinta-feira e sábado, o derivado do petróleo acumulou 3% em altas e, mesmo que ontem a estatal o tenha reduzido em 0,68%, o viés ainda é de alta.

“Até hoje (ontem), está bem mais caro, e acredito que seja reflexo da greve”, observou o analista de TI Rodrigo Tressino, 35 anos, de Santo André, que sempre abastece o carro no mesmo local. “Aumentou bastante”, lamentou Eliana Saes, 52, auxiliar administrativa de São Caetano.

Souza explica que, além dos reajustes da Petrobras, os valores subiram por conta da procura maior do que a oferta durante a greve. “O consumidor deve observar o posto que foi oportunista e não voltar mais nele. É preciso criar esta cultura, já que esse mercado é pautado pela livre concorrência.”

Para conter os custos destes combustíveis, o governo está estudando medidas de reajustes mensais, assim como no diesel. Hoje, as alterações são diárias e variam conforme a cotação do petróleo no mercado externo.

ABASTECIMENTO - Ainda que Etchegoyen tenha dito que o abastecimento foi normalizado em todo País, postos da região ainda sofrem com a falta de combustíveis. Nenhum dos seis postos pesquisados contava com todas as opções de combustíveis, sendo que em um deles, posto BR no bairro Rudge Ramos, havia apenas GNV (Gás Natural Veicular).

Mesmo com pedidos feitos às distribuidoras, não há previsão de reposição nos estabelecimentos. Do mesmo modo, incertezas em relação a nova greve e a falta de oferta fazem com que consumidores esgotem os combustíveis que chegam às bombas. Assim, em todos os casos, houve abastecimento, mesmo que em dias alternados, no fim de semana, porém, não foi suficiente.

“Ainda não está normal porque temos muitos concorrentes próximos que estão sem combustível, então a demanda é muito grande e não dá para atender a todos. Chega uma carreta de combustível, por exemplo, mas entrega um pouco em cada e logo já acaba”, destacou Nilton Bezerra da Silva, frentista de posto BR no bairro Mauá, em São Caetano. Souza, do Regran, acredita que hoje o abastecimento já estará normalizado.

(Colaborou Soraia Abreu Pedrozo)
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;