De acordo com o urbanista, a formaçao de um tapete verde sobre o vale é o componente fundamental de todo o projeto. A incorporaçao e a manutençao rigorosa dessa premissa define regras de atuaçao para toda a regiao: "Com isso, a cidade terá garantida toda uma série de atuaçoes referenciais, ainda que, mais tarde, possam ser estabelecidos programas com conteúdos diferentes.
O desenvolvimento poderá ocorrer por setores, como em um mosaico, com áreas abrigando maiores e menores densidades". Partindo de exemplos de intervençoes realizadas em escalas semelhantes em outras cidades (Roterda, Barcelona e Buenos Aires, por exemplo), Busquets definiu um método que cria situaçoes de cenários plausíveis para o vale do rio Tamanduateí.
Graças a esse processo, torna-se possível supor quais seriam os impactos produzidos e os instrumentos urbanísticos de gestao mais adequados. Além disso, o urbanista levou em consideraçao aspectos concretos da história do desenvolvimento da cidade. Ou seja, seu passado industrial que se converte, hoje, em uma estrutura de pequena indústria, serviços, comércio e residências. No entender de Busquets, esta é uma situaçao repleta de novas alternativas para a reorganizaçao espacial.
Condiçao privilegiada - O Eixo Tamanduatehy, apesar da aparente situaçao de caos, degradaçao e das extensas áreas desocupadas - ou ocupadas por favelas -, é, para Busquets, palco de uma condiçao potencial privilegiada.
Segundo ele, o maior trunfo da regiao é dado pela via férrea e pela rede viária que corre a seu lado. A leitura imediata do especialista é a possibilidade de se constituir um novo corredor de serviço metropolitano, bem como a ampliaçao da área servida pelo metrô paulistano. A integraçao viária, melhoradas as condiçoes das avenidas dos Estados e Industrial, se completaria com acessos a Santo André por meio de Mauá, Sao Bernardo e Diadema.
Para o eixo propriamente dito, Busquets projetou uma simbiose entre corredores viários e áreas verdes. O objetivo, em última análise, é integrar os dois lados da cidade, atualmente separados pela via férrea e pelo rio Tamanduateí. A avenida dos Estados, de acordo com o urbanista, pelo fato de correr em paralelo à estrada de ferro e ao rio, deve atuar como um eixo viário capaz de entrelaçar tramas transversais que têm por objetivo a uniao dos dois lados de Santo André.
As novas morfologias que serao desenhadas no interior do eixo principal, podem, segundo Busquets, se desenvolver sob a forma de retículas, em espinha e na transversal. "A idéia é formar um tapete que vai se modelando ao longo do vale", afirma.
O requisito mais evidente desta proposta é a recuperaçao do transporte ferroviário, contendo, inclusive, o prolongamento do metrô e, ao lado, uma nova estrutura viária. Isso confere ao eixo, também, uma clara funçao de lugar para o transporte público, mas absolutamente integrado à paisagem. Ao mesmo tempo, e por meio de um projeto urbanístico organizado por novas ruas e avenidas, Busquets propoe a integraçao entre bairros, tendo o tapete verde como sistema estrutural.
O Eixo Tamanduatehy, assim, conteria todas as condiçoes necessárias para se constituir em alternativa de novo centro metropolitano. A idéia também contribui para o aumento da segurança pública. "A presença constante de pessoas nos lugares é a melhor soluçao para coibir a prática de condutas anti-sociais", diz.
Outro ponto destacado pelo urbanista a respeito de seu projeto é o fato de ele contemplar uma característica cada vez mais cara aos empresários modernos: qualidade de vida e ambiental. "Lugares de trabalho mais confortáveis sao, hoje, peças fundamentais da produçao de riquezas", conclui.
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