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Petrobras vai pulverizar açoes, diz presidente
Do Diário do Grande ABC
28/10/1999 | 17:00
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O governo federal nao pretende vender para outras companhias de petróleo as açoes que excedem ao controle estatal sobre a Petrobras. Segundo adiantou nesta quinta-feira o presidente da estatal, Henri Phillipe Reichstul, a nova estratégia do governo é pulverizar em bolsa de valores para pequenos e micro investidores os 34% de açoes ordinárias. "Podemos fazer uma ampla campanha de esclarecimento para que todo o brasileiro passe a ser acionista da Petrobras", disse Reichstul.

"Cada um poderá comprar seu barril de petróleo." A mesma filosofia de pulverizaçao das açoes está sendo estudada para outras privatizaçoes, principalmente a das empresas federais de geraçao de energia elétrica. Com isto o governo quer envolver mais a sociedade no processo de privatizaçao e fortalecer o mercado de capitais no país.

Reichstul informou que teve nesta quinta uma conversa sobre uma possível campanha de divulgaçao com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Andrea Calabi. "O governo já tomou a decisao de nao aceitar na venda destas açoes um parceiro estratégico", disse o presidente da Petrobras.

O novo modelo de venda das açoes, segundo Reichstul beneficia as metas da empresa, que quer formar várias parcerias nos próximos anos. Vender um terço das açoes ordinárias para uma grande empresa poderia inviabilizar este programa, pois ela teria direito a veto das decisoes do sócio majoritário, o governo. "Isto tiraria a liberdade da empresa de fazer as parcerias com várias companhias", afirmou.

Até o momento, a Petrobras já fechou 21 parcerias com empresas privadas e o objetivo é conquistar outras nos próximos anos. "Como empresa estatal nao vejo a Petrobras fazendo fusoes mas fechando parcerias tanto com grandes empresas do mundo como com as companhias regionais da América Latina", afirmou Reichstul.

A empresa pretende aumentar sua capacidade de produçao de petróleo dos atuais 1,132 milhao de barris/dia para 2 milhoes de barris/dia em 2005, dos quais 1,850 milhao seriam explorados no Brasil e o restante em outros países. A estatal ainda quer aumentar seu faturamento de US$ 25 bilhoes ao ano para US$ 35 bilhoes em 2005.

A decisao do governo de vender estas açoes da Petrobras foi tomada em agosto de 1997, depois da sançao da lei que abre o setor do petróleo à iniciativa privada. Pela lei, a Uniao deve possuir apenas 50% mais uma açao da empresa. Os consultores para fazer a modelagem de venda destas açoes já foram contratados pelo BNDES no ano passado.

Especulava-se que elas poderiam ser distribuídas em lotes máximos de 10% ou até a venda em bloco do capital à disposiçao. Em ambos os casos o comprador teria um poder inédito na administraçao da empresa, tendo acesso a dados estratégicos até entao restritos à direçao da empresa. A lei determina que já tem direito a indicaçao de conselheiros da empresa quem detém mais de 10% das açoes ordinárias.

A pulverizaçao também era uma opçao. Em setembro de 1997, o entao ministro do Planejamento Antônio Kandir chegou anunciar a intençao de vender parte das açoes usando os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).




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