Política Titulo Saúde
FUABC cobra R$ 123 mi de dívida do Paço de Mauá

Notificação deve chegar à Prefeitura nesta semana em meio à possibilidade de rompimento de acordo

Raphael Rocha
25/09/2017 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


 A FUABC (Fundação do ABC) vai notificar a Prefeitura de Mauá acerca de dívida na ordem de R$ 122,9 milhões que a administração mauaense tem com a Fundação por serviços realizados e não pagos pelo Paço desde 2015, quando o contrato de gestão foi firmado. A cobrança ocorre em meio à discussão dentro do governo de Atila Jacomussi (PSB) sobre o rompimento do acordo com a entidade regional por questionamento da qualidade do serviço na cidade.

A Fundação admite paralisar as atividades no município caso não haja regularização do passivo junto à instituição regional. Dos R$ 122,9 milhões cobrados, há passivos de encargos trabalhistas, 13º salários em atraso, falta de quitação de fornecedores e até ausência de quitação de parcelas de empréstimo bancário contraído pela FUABC, cujo valor foi destinado para Mauá.

O contrato de gestão demanda R$ 12 milhões ao mês para a Prefeitura – R$ 144 milhões no total. Devido ao acordo, a FUABC e a administração criaram a pessoa jurídica Cosam (Complexo de Saúde de Mauá), que compreende as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24 horas, UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e até o Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini.

Ofício assinado pelo novo presidente da FUABC, Carlos Maciel, deve ser encaminhado nesta semana ao prefeito Atila Jacomussi e ao secretário de Saúde, Márcio Chaves (PSD).

Atila e a FUABC vivem queda de braço desde o começo da gestão do socialista. A disputa nos bastidores começou quando processo de demissão foi deflagrado pela administração. Funcionários alegaram que não recebiam todos os direitos trabalhistas e a Fundação dizia que não havia recebido o pagamento da Prefeitura para efetuar esses depósitos.

Em um dos episódios mais tensos, a ex-presidente da FUABC Maria Bernadette Vianna anunciou auditoria no Hospital Nardini, o que irritou o prefeito. Atila projetou redução drástica nos valores, mas houve acordo entre as partes.

Outra prova de estremecimento na relação foi a constante mudança de superintendentes do Hospital Nardini. Três nomes passaram pelo comando do complexo desde o começo do ano – Ricardo Carajeleascow, Renata Martello e Vanderley da Silva Paula, que segue à frente do equipamento.

O Diário apurou junto à Prefeitura de Mauá que o governo acredita que a cobrança do passivo é retaliação a notificação feita pela administração municipal no começo da semana passada dizendo haver série de irregularidades na prestação de contas referentes ao mês de julho. O documento é relatório de fiscalização feito pela Secretaria de Saúde de Mauá. A Pasta pede que respostas aos itens contestados sejam enviadas no prazo de cinco dias.

Outro ponto indicado pelo governo Atila se refere à suspeita de inchaço de contratações patrocinadas pelo ex-prefeito Donisete Braga (PT) um ano antes da eleição de 2016. Fontes do Paço dizem que 839 colaboradores foram admitidos via FUABC entre novembro de 2015 e julho de 2016, elevando o contingente de funcionários para cerca de 2.000. Atila, por sua vez, conta com 1.890 trabalhadores.

Donisete rebateu os números apresentados pelo atual governo mauaense. “Nunca tivemos problema de relação com a Fundação, não houve ocorrências. Que culpa eu tenho se o governo atual quis gastar aceleradamente no primeiro semestre e não planejou o segundo semestre? Gestão pública é algo sério”, disparou. Sobre os funcionários que teriam sido contratados pouco antes da eleição, Donisete também contestou a informação. “Não contratei servidores que nada têm de conhecimento com a Saúde para trabalhar via Fundação, como sei que ele (Atila) fez.”

Atila não retornou aos contatos da equipe do Diário para falar sobre o caso.




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