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Falta de reparo gera acidentes de moto
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
18/12/2010 | 07:23
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Em sua última reunião com a imprensa para a avaliação dos números do mercado em 2010, a direção da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares) foi fortemente questionada pelos jornalistas sobre o aumento de acidentes envolvendo veículos de duas rodas.

Como é responsável pela imagem dos fabricantes, a entidade foi indagada sobre seu papel diante da má impressão deixada diariamente por cenas cotidianas de motociclistas caídos em ruas e avenidas - geralmente feridos à espera do resgate.

Para a Abraciclo, não há soluções mágicas. Os acidentes só devem diminuir com disciplina, fiscalização, manutenção e educação para o trânsito. "No Brasil, é difícil conseguir equilíbrio destas variáveis", afirmou o presidente da entidade, Jaime Teruo Matsui.

Durante evento para avaliar a manutenção de motos que circulam em São Paulo, a Abraciclo constatou no MotoCheck-up que 49% dos motociclistas que passaram pela checagem apresentaram necessidade de reparo e/ou substituição do freio traseiro - item vital para garantir segurança de quem conduz uma motocicleta.

De acordo com a Abraciclo, com a revisão de apenas alguns itens é possível prevenir acidentes e manter as peças e acessórios em ótimo estado. "Infelizmente, ainda temos muitos veículos circulando nas ruas com falhas mecânicas", explica Matsui.

Com a frota aumentando ano a ano e chegando em 2010 a 16 milhões de unidades, o quadro tende a se agravar. O Brasil tem enorme potencial de crescimento da relação moto por habitante, podendo alcançar 5 milhões de motos/ano já em 2015. Em 2010, o mercado será de 1,8 milhão de unidades - 90% delas de até 150 cm³ de cilindrada.

O número para 2015 parece factível diante da crescente imobilidade nas cidades. Econômica, pequena e ágil, a moto é uma alternativa para a fluidez do trânsito. Mas, antes, seus usuários precisam ter a mínima habilidade para condução eficiente e segura.

INTERIORIZAÇÃO - A preocupação com acidentes já saiu dos grandes centros e hoje também está presente no interior do País. De acordo com números da Abraciclo, o Nordeste, com 33% das vendas, já tem o segundo maior mercado, atrás do Sudeste, que concentra 35% das vendas.

Devido ao baixo consumo, a motocicleta adquiriu em muitas cidades do interior status de veículo da família. Não é incomum ver cenas de até quatro pessoas sobre uma motocicleta. Elas também fazem serviço de táxi, entrega de encomendas - transportam até botijão de gás.

"Além disso, em muitas cidades do Norte e Nordeste, há relutância no uso do capacete em razão do forte calor", diz Moacyr Alberto Paes, diretor executivo da Abraciclo. "Isso vai totalmente contra a nossa indicação. O capacete é como uma gravata: com o uso, você se acostuma."

Com a falta de equipamentos e manutenção adequada, os acidentes também passaram a alastrar-se, tornando-se casos com ares de epidemia. Segundo estatísticas extraoficiais, só na região metropolitana de São Paulo há pelo menos 20 acidentes por dia envolvendo motocicletas - com média diária de até dois óbitos. Segundo o Hospital das Clínicas, o tratamento de um ferido pode levar mais de 120 dias, com afastamento do trabalho e despesas médicas que ultrapassam custos de R$ 30 mil para o Estado.

"A diminuição de casos de feridos e mortos no trânsito envolvendo motocicletas exige trabalho árduo com toda a sociedade, que tem de se preparar para conviver de forma mais harmônica entre carros e motos", afirmou Moacyr Alberto Paes.




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