Setecidades Titulo Crime de intolerância
Vendedor ambulante é enterrado em Diadema

Luiz Carlos Ruas, 54, foi morto na noite de Natal ao defender homossexuais em estação do Metrô

Victor Hugo Storti
especial para o Diário
28/12/2016 | 07:07
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Celso Luiz/DGABC


Misto de tristeza e revolta, além de gritos de justiça marcaram o sepultamento do vendedor ambulante Luiz Carlos Ruas, 54 anos, conhecido como Índio, na tarde de ontem, no Cemitério Vale da Paz, em Diadema. Ele foi brutalmente espancado por dois homens, identificados como Alípio Rogério Belo dos Santos, 26, e Ricardo Martins do Nascimento, 21, na noite de Natal, dentro da Estação Pedro II do Metrô, na Capital. Os suspeitos seguem foragidos.

O ambulante foi agredido por tentar defender dois travestis dos rapazes. A suspeita é a de que os criminosos integrem grupo de intolerância ao homossexualismo.

Emocionada, a sobrinha Alessandra Fernandes, 33, criticou a intolerância sexual, cada vez mais comum. “A orientação sexual de cada um não diz sobre o caráter da pessoa. O que fica é o sentimento de revolta pela forma como ele foi morto, com muita covardia.”

Alessandra também afirmou que a família, que tem outros parentes enterrados no mesmo cemitério, vai ingressar com ação judicial, já que o crime ocorreu dentro de estação do Metrô e nenhum segurança evitou as agressões. “A questão não é financeira, mas com o intuito de evitar que outros casos assim aconteçam”, completou.

Reginaldo Pereira, 38, casado com a sobrinha da vítima, afirmou que considerava Ruas como tio, e criticou a falta de “humanidade” das pessoas. “Quero ver se vai existir alguém tão bom como ele. O homem está tão intolerante que é capaz de cometer crime bárbaro desses por nada. É um absurdo”, desabafou.

Maria Campos, casada com Ruas havia 32 anos, estava bastante abalada e limitou-se a elogiar o vendedor ambulante: “Era uma pessoa muito boa e trabalhadora”,

O supervisor de terminal João de Andrade, 50, conhecia a vítima havia mais de 20 anos e também fez questão de lembrar do caráter de Ruas. “Era um cara muito humano. Uma pessoa companheira, de bem com a vida. Ele não tinha muito, mas sempre ajudava a quem precisava. O que fizeram com ele foi um absurdo, uma coisa desumana”, lamentou.

Na tarde de ontem, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) anunciou que vai pagar recompensa de R$ 50 mil por informações que contribuam para a prisão dos responsáveis pela morte do vendedor ambulante. As denúncias são sigilosas e podem ser feitas pelo site www.webdenuncia.org.br. 




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