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Avape: 2 milhões de atendimentos
Por Roberta Nomura
Especial para o Diário
19/06/2005 | 08:49
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Dar assistência a portadores de deficiências. Com este i-deal, 48 funcionários da Volkswagen de São Bernardo se uniram para criar a Avape (Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais), há 25 anos. Hoje, a entidade comemora a marca de 2 milhões de atendimentos e o conseqüente benefício de mais de 11,4 mil pessoas. A instituição possui dez unidades em todo o Estado, cinco das quais estão no Grande ABC.

"Desde o início, tínhamos a intenção de trabalhar com as deficiências. Tentamos superar a exclusão e para isso temos diversos centros. Queremos que essas pessoas sejam tratadas como seres normais", explica um dos fundadores e presidente da Avape, Marcos Gonçalves.

Quando tinha 19 anos, Gonçalves perdeu os pais e teve de cuidar de seis irmãos mais novos, entre eles João Batista, portador de deficiência mental. Gonçalves e funcionários da Volks que tinham filhos com alguma deficiência resolveram, então, lançar a instituição. Nos quatro primeiros anos, a entidade não possuía espaço físico para atuar. Em 1985, foi construída a primeira unidade clínica em São Bernardo, que atendia os cem casos mais graves.

Como os parentes dos fundadores da Avape possuíam diferentes tipos de deficiências, a entidade nunca fez restrições a atendimentos. "Cada um tinha um tipo. Eram problemas auditivos, visuais, físicos e mentais. Aceitamos todos os deficientes porque essas pessoas sempre precisam de auxílio. Às vezes a pessoa tem mais de uma necessidade", afirma Gonçalves.

Também não há limitações de idade. O presidente da instituição explica que 90% dos atendimentos são gratuitos. "Nosso foco são as pessoas carentes. Quem tem condições paga apenas um valor simbólico." A entidade faz uma triagem socieconômica para verificar se o paciente pode ou não pagar.

A Avape oferece muitos tipos de atendimento. A unidade de Reabilitação Clínica presta serviços de saúde por meio de diagnósticos e tratamentos. As especialidades são fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, psicologia, área social, médica e fisioterapia. A maioria dos pacientes é criança. Para participar do programa, os interessados passam por avaliação médica. Pode haver espera de algumas semanas, dependendo da especialidade.

Emprego – O CTA (Centro de Treinamento e Aperfeiçoamento) é voltado para a capacitação e recolocação profissional. São oferecidos 27 cursos, entre eles informática, padaria experimental, turismo e eletrônica. "A maioria é jovem. São pessoas que buscam alternativas para conseguir o primeiro emprego. No final, recebem certificado de participação", explica o chefe da unidade de CTA, Marcelo Vitoriano.

Cerca de 6 mil pessoas conseguiram emprego após integrar o programa. O auxiliar administrativo da Avape, Pedro Paulo Dias de Sousa, 23 anos, fez o primeiro curso no CTA há seis anos e hoje faz parte do quadro de funcionários da entidade. "Vim buscar aperfeiçoamento e oportunidade. Agora que terminei as aulas, consegui um emprego. Estou em fase de treinamento e depois vou para outra unidade", conta. Há quatro meses na instituição, Priscila Santos Rodrigues, 18, faz curso de computação. "Estou gostando muito daqui, mas tenho a intenção de sair logo para o mercado de trabalho", diz.

O chefe da CTA explica que não há prazos determinados para conclusão dos cursos. "Cada um tem uma necessidade, são acompanhamentos diferentes." Para entrar no CTA, não há fila e não é necessário passar por avaliação. A única triagem é social.

No Centro Cultural, os alunos aprendem técnicas de pintura, marcenaria, restauração e reforma de móveis antigos. O atendimento na Avape é feito de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. "Aproveito todo o tempo aqui, porque é um espaço único que não ia ter em outro lugar. Então vou para aulas de música, dança e artes. À noite, vou para a escola", conta a estudante Sarah Gomes Teixeira, 24 anos. Os pacientes produzem produtos que são comercializados no Centro Cultural, que também vende quadros pintados por artistas parceiros. Toda a renda obtida nestas negociações é voltada para a Avape.

Os Centros de Convivência promovem a assistência a jovens com deficiência mental, com idade superior a 12 anos. Os adolescentes ficam em regime de externato e semi-internato para desenvolver habilidade de comunicação, melhora na auto-estima e atividades psicossociais.

A Avape é mantida por cerca de 200 parcerias nacionais e internacionais. Além dos funcionários remunerados, existem trabalhos voluntários.




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