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35º Salão de Arte Contemporânea
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
19/04/2007 | 07:01
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O índice de contemporaneidade da arte brasileira pode ser medido a partir de quinta-feira com a abertura do 35º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto em Santo André, mostra que tem caráter de vitrina do trabalho paulista neste setor, extensiva a outros estados brasileiros. Portanto, um importante espaço de exposição e discussão da recentíssima produção brasileira que atraiu 765 inscrições, das quais foram selecionados 28 artistas e 51 obras de diferentes técnicas e estilos como pintura, gravura, fotografia, instalação e ilustração.

O Salão criado em 1968 é o único do gênero no Brasil com periodicidade anual – só não foi realizado em 1977, e de 1978 a 1981 foi Salão Jovem. Desde 2005, recebeu o nome Luiz Sacilotto, homenagem ao artista plástico andreense, expoente do movimento concretista dos anos 1950, morto em 2003. A reabertura da Casa do Olhar na próxima quinta-feira (26), com mostra inédita de telas figurativas de Sacilotto, é considerada a sala especial deste ano.

Um salão de arte dá uma amostra da produção contemporânea com critérios independentes do mercado. Por isso, tem autonomia com relação a tendências estabelecidas, e não existe para afirmá-las ou negá-las. Chamar este Salão de termômetro artístico nacional é mero exercício de simplificação jornalística. Com a palavra, então, a comissão de premiação e seleção.

“Esta edição foi surpreendente, uma exposição coletiva de arte que pode ocupar qualquer museu de arte contemporânea. As tendências e possibilidades são amplas, com várias atitudes diferentes. Dará uma noção bastante interessante do que é arte contemporânea brasileira”, diz Katia Canton, professora associada da USP, curadora do MAC, crítica de arte e autora do livro Novíssima Arte Brasileira, um Guia de Tendências (Iluminuras, 2000).

O Salão não parte de um projeto curatorial, mas há um diálogo entre as obras. E esse discurso sobre a produção contemporânea é aberto a questões, que partem dos artistas, e às tensões presentes nas obras selecionadas. Muitas delas parecem trazer questões sobre o espaço de moradia, seja sobre seu interior ou sobre a paisagem em que se insere, segundo Marcos Moraes, crítico de arte e coordenador do curso de Artes Plásticas da Faap. Seu colega na Faap, e também fotógrafo, Ronaldo Entler, concorda: “Nesse sentido, os artistas flertam com o desenho arquitetônico, exibem vestígios ou reorganizam seus objetos, discutem comportamentos ligados a esses espaços.”

Além de espaços íntimos e diálogos com a arquitetura (no sentido de território), a memória é um tema recorrente neste Salão, junto com corpo, espiritualidade e o tempo. O júri distribuiu 11 prêmios aquisição, num total de R$ 28 mil, e um prêmio estímulo (R$ 2 mil). Este ficou para Alexandre Assaly (SP). Os demais são Osvaldo Carvalho (RJ), Sérgio Dório (RS), Rodrigo Castro de Jesus (MG) e os paulistas Renata de Bonis, Bruno de Faria, Letícia Larin, Daniela Mattos, Marlu Aguiar, Thais Albuquerque, Amanda Mei e Rodrigo Otávio, nome artístico Azeite de Leos.

35º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto – Mostra nacional com 28 artistas e 51 obras. Abertura nesta quinta-feira, às 20h. No Salão de Exposições do Paço Municipal – pça. IV Centenário, s/nº, Santo André. Tel.: 4433-0605. De terça-feira a sábado, das 14h às 17h, e das 18h às 21h. Entrada franca. Até dia 23 de junho.



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