O PSDB estadual expulsou ontem o ex-prefeito de Ribeirão Pires e candidato do partido à Prefeitura de Mauá no primeiro turno, Clóvis Volpi, após apoio declarado à tentativa de reeleição do prefeito Donisete Braga (PT). O petista concorre contra o deputado estadual Atila Jacomussi, do PSB, sigla aliada do PSDB em âmbito estadual.

Segundo o presidente do tucanato paulista, deputado Pedro Tobias, a documentação de “expulsão sumária” já foi encaminhada ao cartório eleitoral, à direção estadual e à cúpula municipal. O dirigente também avisou que a legenda estará ao lado de Atila no segundo turno, assim como os vereadores eleitos Jotão e pastor José da Silva.

“Se ele quiser recorrer que vá à Justiça. Há resolução do partido que é clara na proibição de apoio a um petista. Foi uma posição individual, com a qual não concordei”, discorreu Tobias ao Diário. “Ele não poderia ter cometido uma loucura dessas, de apoiar um petista, porque estamos também disputando as eleições em Santo André, com Paulinho Serra, e São Bernardo, com Orlando Morando. Nós vamos ganhar nessas cidades, mas ele (Volpi) não poderia ter feito isso.”

Volpi declarou voto e apoio a Donisete na quinta-feira, sob justificativa de que o prefeito é mais bem preparado do que Atila. “Pensei em tudo na hora de me decidir. Não é questão partidária. Eu sou rival do PT, sempre fui e continuarei sendo. O que discuto é quem tem mais condições de administrar uma metrópole como Mauá. Eu respondo: Donisete Braga”, argumentou o agora ex-tucano, que obteve 37.065 votos no domingo.

O prefeiturável também mostrou frustração com a direção estadual do PSDB, revelando não ter recebido auxílio financeiro da legenda em sua empreitada eleitoral. “O partido não pareceu se importar com a eleição em Mauá. Não tive ajuda, fiz a minha campanha somente com os militantes do PSDB em Mauá”, disparou Volpi.

Tobias admitiu que a cúpula estadual não ajudou Volpi, “assim como ajudou financeiramente nenhum candidato no primeiro turno”. “Queria trazer o deputado (Atila) para o PSDB, fui voto vencido”, revelou o dirigente tucano.

Volpi foi presidente estadual do PSDB no início dos anos 2000, quando era deputado federal. Antes, havia exercido mandatos de vereador e presidente da Câmara de Mauá. Em 2001, optou por mudar o domicílio eleitoral e passou a fazer política em Ribeirão. Trocou o PSDB pelo PV e, na cidade vizinha, foi eleito duas vezes prefeito. Retornou a Mauá e ao PSDB no ano passado, para concorrer à Prefeitura.

Pela 3ª vez nomes tucanos vão com PT

Pela terceira eleição municipal consecutiva, o candidato do PSDB em Mauá decide caminhar ao lado de um petista no segundo turno.

A sequência começou a ser escrita em 2008, quando Diniz Lopes, terceiro colocado naquele pleito (com 47.694 votos), optou por pedir votos a Oswaldo Dias (PT) na etapa final contra Chiquinho do Zaíra (à época pelo PSB, hoje vereador reeleito no PTdoB). A consequência foi a nomeação de Diniz para o comando da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá).

Curiosamente, Diniz gravou vídeo ontem condenando a atitude de Clóvis Volpi (ex-PSDB), que aderiu à campanha de Donisete Braga (PT). “Quando apoiei, o PT não estava envolvido em escândalos”, justificou Diniz a um internauta que contestou a publicação. Diniz foi candidato a vereador pelo PSB neste ano e ficou fora da Câmara.

Em 2012, Edimar da Reciclagem (PSDB) lançou candidatura própria. Ficou na quinta posição, com 7.350 votos. Oficialmente optou pela neutralidade no segundo turno entre Donisete e Vanessa Damo (PMDB), mas foi acusado de fazer campanha ao petista.

RESPOSTA
Presidente do PMDB de Mauá e criticado por Volpi, José Carlos Orosco Júnior rebateu o ex-tucano. “Minha divergência com ele foi por causa dos escândalos do governo dele em Ribeirão, principalmente nas mazelas da Saúde. Falei quando estávamos no PV e ele nos perseguiu. Esse apoio ao Donisete mostra que ele trabalha só com interesses particulares.”