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Desfile do 7 de setembro é visto por 50 mil pessoas no DF
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07/09/2004 | 20:20
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O desfile do Dia da Independência, em Brasília, foi um espetáculo grandioso que entremeou demonstrações militares – com carros de combate nas ruas, piruetas de aviões da Esquadrilha da Fumaça e acrobacias sobre motocicletas – com estudantes, grupos de balé e capoeiristas. Tudo isso emoldurado por balões e painéis verde-amarelos cuidadosamente planejados pelo publicitário Duda Mendonça.

O maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, medalha de bronze em Atenas e novo herói do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abriu o desfile, conduzindo a bandeira brasileira, e depois foi convocado a ficar junto do presidente, no palanque das autoridades. A Polícia Militar calculou que pelo menos 50 mil pessoas suportaram o calor de uma manhã sem nuvens e com baixa umidade relativa do ar para atender ao apelo que Lula fez esta semana – que os brasileiros comemorassem o Dia da Pátria.

Houve quem entendesse a data de maneira peculiar: muitas mulheres de militares estiveram na Esplanada dos Ministérios para reivindicar um aumento para os soldos de seus maridos. O ministro José Dirceu, da Casa Civil, não se incomodou: disse que o protesto é legítimo, faz parte da democracia. O ministro da Defesa, José Viegas, respondeu objetivamente – os 10% de aumento para os militares estão garantidos e que no ano que vem a situação será revista.

Muita gente achou que o locutor oficial da cerimônia exagerou na dose. Entre gritos e adjetivos, ele acabou sendo um perfeito porta-voz para a nova versão gran-ufanista recomendada pelo ministro Luiz Gushiken. Fez engajada propaganda dos aviões da Esquadrilha da Fumaça, e chamou a atenção do convidado especial da festa, o primeiro-ministro de Portugal, Pedro Santana Lopes.

Com 10 minutos de atraso, Lula atravessou a Esplanada dos Ministérios no Rolls Royce presidencial conversível, acompanhado de D.Marisa Letícia, que usava um terninho bege e blusa verde bandeira com estrelinhas douradas. A mesma estampa foi repetida por muitas convidadas, o que despertou suspeitas de inconfidências de estilistas.

Dos 7,5 mil participantes do desfile, 2 mil eram civis. Mas o público reservou seu melhor entusiasmo para o show aéreo da Esquadrilha da Fumaça, que provocou suspiros de D.Marisa e deixou boquiaberto o primeiro-ministro português, que antes demonstrara enfado com a demora do espetáculo, que durou três horas.

Para a cerimônia deste ano, Lula fez questão da presença de toda a família. Além dos quatro filhos, estavam no palanque as noras e o neto, de cinco anos. Alguns amigos do presidente, todos de São Bernardo, e até D. Marília, sogra do primeiro casamento da primeira-dama, foram a Brasília comemorar o 7 de Setembro com a família presidencial.

Lula, que vestia a faixa presidencial, não escondia a sua satisfação com o desfile, embora tenha olhado para o relógio por algumas vezes um pouco antes do término do desfile. Ele próprio havia ordenado que a festa fosse encurtada, porque nesta época do ano a umidade relativa do ar em Brasília é tão baixa que costumam ocorrer desmaios de pessoas que ficam ao sol.

O calor de mais de 30 graus e a umidade de deserto também não desanimaram os ministros e convidados. José Dirceu, que estava ao lado da mulher, Maria Rita, era um dos mais animados. Chegou a ensaiar passos de dança por três vezes e batucou no braço da cadeira.

Ao contrário do ano passado, quando Lula e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, estavam rompidos e não se falaram, neste ano foi dada uma clara demonstração das novas relações entre os Poderes Executivo e Legislativo. Lula conversou várias vezes com o novo presidente do STF, Nélson Jobim e, ao final do desfile, foi até onde estava o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Édson Vidigal, para cumprimentá-lo. O único vaiado foi o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB).

“Foi o desfile mais alegre, mais popular e mais bonito”, comentou José Dirceu. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, depois de salientar que estas festas nacionais são muito comuns em países como França e Estados Unidos, lembrou as comemorações do 7 de Setembro que via no seu tempo de criança em todas as cidades. “Por que não ter esta festa na capital do país?”




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