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Região reforça auxílio a moradores de rua

Clima frio estimula prefeituras e voluntários
a ampliar atendimento à população carente

Por Natália Scarabotto
Especial para o Diário
28/05/2016 | 07:00
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Nario Barbosa


Quando cai a noite, Tiago Mota Nunes de Deus, 27 anos, junta seu colchão, uma manta e pedaços de papelão e vai para perto de um posto de gasolina, no Centro de Santo André. Nas noites em que não fica no albergue da Prefeitura, esse é o seu dormitório. O rapaz que já foi professor de música e lutou boxe por sete anos, hoje, é um entre tantos moradores de rua do Grande ABC expostos ao frio e aos perigos.

“Faz dois meses que estou aqui, mas já é terceira vez que volto para rua. A vida aqui é aquilo. Tem fome, tem frio e tem agressão. Eu estou com um pé machucado e dói mais no frio. É uma vida muito difícil, mas a gente não desiste”, revela.

Assim como Tiago, outros moradores em situação de rua têm problemas de saúde que se agravam no inverno. Ademir de Oliveira Barros, 57, está há pelo menos 21 anos revezando as noites de sono entre as vias públicas e o albergue. “Sou nascido e criado aqui, mas não gosto de depender de ninguém. Por isso, fico perambulando. Agora estou com osteoporose no joelho, então a bengala é minha terceira perna, mas fico aqui por perto (na região central de Santo André) com as minhas coisas durante o dia.”

Embora o inverno só comece no dia 21, a região já vem sendo atingida por frentes frias e baixas temperaturas. O clima amplia os transtornos da população que está em situação de rua. Para amenizar as dificuldades, as prefeituras, instituições e voluntários intensificam o auxilio aos moradores nestas condições.

Durante todo o mês de junho, São Bernardo vai realizar a Operação Aquece, Protegendo Vidas!, que consiste em intensificar abordagens, orientações e oferta de serviços de acolhimento e de Saúde àqueles que desejarem. Neste período, as vagas para pernoite nos abrigos municipais são ampliadas para 200, ao invés das 150 tradicionais.

Em Ribeirão Pires, a Casa da Acolhida vai aumentar o atendimento de 40 para 60 pessoas ao mês. O local recebe os munícipes em situação de rua e oferece atividades culturais, esportivas e acompanhamento realizado por psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. Os participantes também podem passar a noite no espaço.

Santo André destacou que também intensifica a abordagem aos moradores em situação de rua. A cidade oferece dois albergues noturnos conveniados, com 80 vagas no total. Outras 100 vagas são destinadas ao atendimento às pessoas que demandam atenção especial e aos acamados.

 

Ação voluntária distribui roupas e alimentos

 

Apesar da abordagem feita pelas Prefeituras, muitas pessoas preferem ficar na rua por não quererem seguir regras e horários dos albergues. Pensando nisso, instituições, igrejas e voluntários costumam arrecadar e distribuir roupas, cobertores e refeições para amenizar as dificuldades dessa população. “A grande motivação para doar é o jeito como eles (moradores de rua) recebem cada coisinha, por menor que seja. A verdade é que eles ajudam a gente com as lições de vida e até para valorizar o que temos”, afirma a advogada Livia Caretta Cavallari, 29.

Junto com dois familiares, ela criou, em 2013, o projeto Todos por um Sorriso. Durante o inverno, a ação é intensificada. A entrega não tem roteiro determinado e já passou por locais como largo Rudge Ramos e Rua Afonsina, em São Bernardo; Avenida Lauro Gomes; Centro de Santo André e Diadema. Para doar alimentos, roupas, cobertores ou dinheiro basta entrar em contato pelo endereço https://www.facebook.com/todospusorriso.

Para quem recebe a ajuda, como Manuel Teixeira Santana, 57, a ação é de grande valia. “É uma vida muito difícil mas quando as pessoas vêm aqui dar as coisas, ajuda muito a diminuir a fome e o frio.”

CAMPANHA

O Grande ABC também participa da Campanha do Agasalho. A partir do dia 1º, as prefeituras realizam ações para angariar peças que possam ser doadas. São vários pontos de arrecadação de roupas, calçados e cobertores espalhados.

São Caetano pretende ultrapassar os números do último ano e conseguir mais de 100 mil doações até o dia 10, quando encerra a ação.

O Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, em Mauá, em parceria com a Associação Voluntariado Calor Humano, também participa da ação. O projeto vai beneficiar pacientes e familiares em situação de vulnerabilidade social. Na edição do ano passado, a participação popular garantiu 80% dos 1.446 itens doados durante a campanha.




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