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Paranapiacaba passa por restauro

Arqueólogos trabalham na Vila andreense desde fevereiro; previsão é que obras financiadas com verbas do PAC sejam finalizadas em 2018

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
28/03/2016 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


A Vila de Paranapiacaba, em Santo André, passa por processo de restauração desde fevereiro. Por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Cidades Históricas, programa do Governo Federal que disponibilizou R$ 41 milhões, serão reparadas casas, a estação de trem e até estabelecimentos comerciais.

O Diário foi até a vila e acompanhou o andamento das obras. Equipes de arqueologia e restauração da PSC Restauro, empresa responsável pelo processo, realizam o trabalho de prospecção (intervenções no subsolo) e monitoramento arqueológico.

As mudanças já estão visíveis aos visitantes. Oito das 242 casas de alvenaria da parte baixa da vila que passam por restauração estão praticamente prontas. A estimativa é que todas as intervenções sejam finalizadas até 2018.

Conforme o secretário de gestão dos recursos naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense Ricardo Di Giorgio, as famílias foram avisadas em 2013 sobre as mudanças, quando o projeto foi apresentado. “Um dos detalhes mais importantes é recuperar a volumetria original desses imóveis, ou seja, fazer com que fique sem nenhum tipo de anexo irregular. Com todo esse tempo de abandono, muitos puxadinhos foram construídos e isso tudo será retirado. Essa fase é uma das mais trabalhosas, porque cada casa tem um projeto exclusivo, de acordo com a necessidade de cada família.”

Pelo projeto, a estação de trem que vai receber os passageiros do Expresso Turístico vai ficar o mais próximo possível da antiga Estação Alto da Serra, construída pelos ingleses em 1867. Todos os tijolos danificados estão sendo substituídos por próteses.

A casa de apoio aos turistas, que conta com informativos e banheiros, já está pronta. “O restauro é um algo detalhado. Primeiro, definimos o processo que vai ser feito, a utilização dos materiais e, depois, começamos a produzir. Por exemplo, para chegar às cores da época, precisamos misturar mais de 13 tons diferentes”, explicou o coordenador da equipe de arqueologia David Lugli Turtera.

Os galpões onde funcionavam as oficinas dos trens também fazem parte do projeto de restauração. Um deles deve abrigar exposição temporária e servir de área de convivência.

O famoso Bar da Zilda também vai ficar de cara nova. o estabelecimento será transferido para um galpão que funcionava como almoxarifado da rodovia e a área do atual prédio vai se transformar em deck de madeira. “Aquela construção é fora de padrão e visualmente ela agride a vila. Já o almoxarifado, ficava escondido atrás dele e é muito bonito. São paredes rústicas, características da época”, disse o secretário.

A previsão é que um dos galpões, o novo Bar da Zilda e a casa de apoio ao Expresso Turístico estejam prontos até o fim do semestre.

ACHADOS – Durante as escavações, que devem durar até julho, alguns objetos que contam um pouco da história de Paranapiacaba foram encontrados. Entre eles, estão uma xícara produzida na antiga fábrica da Porcelanas Mauá, datada da década de 1940, uma seringa de vidro do período pós Segunda Guerra Mundial, entre outros.

Alguns objetos vão precisar de estudo mais detalhado para serem identificados. O período pode ser datado de séculos passados. “Nessa etapa, nós procuramos as áreas de potenciais arqueológicos e também conversamos com os moradores. A partir daí abrimos um espaço”, contou o geógrafo e membro da equipe de arqueologia André Felipe Alves.

Os objetos serão analisados na Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente, no Interior do Estado, e, posteriormente, ficarão no acervo do MAI (Museu de Arqueologia de Iepê). 




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