Setecidades Titulo Abastecimento
Mauá pede socorro
a cidades vizinhas

Prefeito solicitou empréstimo de caminhões-pipa para atender
bairros sem água; abastecimento deve votar segunda à noite

Por Angela Martins
Do Diário do Grande ABC
12/02/2012 | 07:00
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O prefeito em exercício de Mauá, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), pediu socorro às cidades vizinhas que têm autarquias de água e esgoto para que emprestem caminhões-pipa, a fim de levar água aos bairros mais altos do município. Os prefeitos de Diadema, Mário Reali (PT); Santo André, Aidan Ravin (PTB); São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB); além de Sebastião Almeida (PT), de Guarulhos, e Sergio Ribeiro (PT), de Carapicuíba, atenderam ao apelo. Os veículos passarão o fim de semana percorrendo locais atingidos pela falta de água. Uma empresa particular também enviou um caminhão.

No total, a Prefeitura ganhou reforço de 17 carros, além de quatro da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá). Guarulhos mandou nove caminhões, Diadema dois veículos, Carapicuíba, um, e a empresa Oestevale emprestou um carro. Santo André e São Caetano enviam hoje dois caminhões cada uma. "A ideia é percorrer todos os bairros prejudicados, principalmente na parte alta, e atender os moradores durante todo o dia de domingo (hoje)", explica Paulo Eugenio.

Embora algumas áreas da baixas da cidade estejam sendo abastecidas graças a ligação provisória feita em rede auxiliar da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a previsão é que quase 200 mil pessoas só terão água nas torneiras a partir de amanhã à noite. A equipe da Sabesp trabalhou todo o final de semana para estabilizar o terreno e consertar a adutora. Não está descartada, porém, a extensão desse prazo caso chuvas fortes caíam sobre a região da adutora rompida. "Nossa grande preocupação é quanto a segurança dos trabalhadores. A área é extremamente instável, precisamos estabilizar o solo primeiramente para depois efetuar os reparos", explica o superintendente de manutenção estratégica da Sabesp, José Francisco de Proença.

O primeiro incidente na tubulação de 60 centímetros de diâmetro, localizada no bairro Capiburgo e que abastece os reservatórios Zaíra e Magini, deixou cerca de 320 mil pessoas sem água desde a madrugada de terça-feira. Na sexta-feira, houve novo rompimento.

Após um pedido de Paulo Eugenio ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Sabesp enviou equipe de 20 homens, além de um caminhão-oficina, um guindaste e uma escavadeira hidráulica para o local, que contava com 40 funcionários da Sama. Anteontem, os trabalhos foram interrompidos pela chuva e pelo risco de deslizamento de terra.

O local é de difícil acesso e a adutora está instalada numa altura de 100 metros. Para conseguir levar água ao menos para parte da população, a equipe da Sabesp sugeriu a utilização do ramal alternativo de 30 centímetros, a um quilômetro da adutora, que estava desativado por ter menor potencial. Na manhã de ontem, os trabalhos se concentraram na estabilização do solo e na melhoria do acesso à tubulação.

JOGO DE EMPURRA

O superintendente da autarquia, Diniz Lopes, reclama que a Sabesp ignorou pedido de ajuda feito na quarta-feira. "Se eles tivessem atendido ao nosso apelo, o problema já estaria resolvido. A adutora é da Sabesp, que tem responsabilidade sobre o conserto e a manutenção. A Sama está aqui apenas como apoio", acusa.

Já a Sabesp afirma que, baseado no contrato firmado em 1995, a responsabilidade da manutenção e reparos da rede de distribuição é da Sama. A empresa teria domínio somente até a estação elevatória, que bombeia a água para as adutoras, que por sua vez abastecem os reservatórios.

Sem pressão, água não enche as caixas

A água que chega nas casas localizadas nos bairros da parte baixa de Mauá não apresenta pressão nas tubulações. Ontem, apenas os moradores dos bairros Jardim Feital, Chácara Maria Aparecida, Cruzeiro, Agate e São Gabriel conseguiram realizar algumas tarefas simples, como tomar banho, limpar a casa e lavar roupas e louças.

A dica dos técnicos da Sama e da Sabesp, no entanto, é economizar ao máximo. Caso os moradores desperdicem água, não haverá como abastecer mais bairros. Mas, quando as torneiras começam a jorrar o líquido, a alegria é tanta que muitos esquecem que a cidade está na seca há cinco dias.

"A água começou a chegar às 21h. Deu para tomar banho, lavar toda a louça e roupa. Já lavei até o quintal, que estava muito sujo", diz a comerciante Ilda Paulo Guimarães, 48 anos, moradora do Jardim Feital. Em rua próxima, porém, a água que chegou às tubulações durante a noite não durou até a manhã. "Chegou muito fraca e também veio suja, barrenta. Não havia pressão suficiente para encher a caixa", diz o açougueiro Alexandre Afonso, 39.

A solução é deixar a caixa d'água aberta para captar água da chuva, que tem caído forte nos últimos dias na cidade. Para a cabeleireira Magda do Espírito Santo da Silva, 46, moradora do Jardim Miranda, localizado na parte alta de Mauá, a vida está complicada. "Só corto cabelo de homens, porque das mulheres é preciso lavar antes. Não consigo nem calcular o prejuízo. Na minha casa, a louça e a roupa estão acumuladas", reclama.

 

 

 




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