Esportes Titulo Confidencial
Dois pesos, duas medidas
Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
02/02/2016 | 07:00
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Visitar o Estádio Décio Vitta, em Americana, para o jogo entre Santo André e Rio Branco, pela estreia da Série A-2, me fez refletir sobre a interdição do Bruno Daniel. Tudo bem que o poder público é o responsável pelo Ramalhão ter de mandar o jogo de amanhã, contra o Votuporanguense, no 1º de Maio, em São Bernardo, afinal, tratou a reforma do local com morosidade e, agora, corre contra o tempo para entregar o trabalho, deixando entulho espalhado por todos os cantos. Mas a diferença de critério para a liberação das duas praças esportivas chama atenção.

Com respeito à recém-eleita diretoria do Rio Branco, que fez o que pôde para atender bem a imprensa, era impossível ter tido jogo naquele estádio. Para quem não sabe, entrou em vigor em janeiro o Manual de Infraestrutura dos Estádios com série de recomendações para que os locais possam ter partidas. A exigência é maior de acordo com a divisão.

Não sou engenheiro e não tinha este propósito, mas no olhometro posso duvidar, por exemplo, que o vestiário possuia 50 metros quadrados, sem contar área úmida, como agora é obrigatório. Mas posso garantir, de acordo com depoimentos de vários torcedores, que não existiam banheiros em boas condições (leia-se com água nas torneiras e nos vasos sanitários) no local destinado à torcida visitante nem lanchonete, que também fazem parte das exigências.

Os problemas do Décio Vitta não param por aí. As cabines de imprensa, além de sujas e com muitos insetos, estavam cheias de casas de marimbondos e os moradores queriam nos expulsar de lá; o único acesso da imprensa ao campo era por escada deteriorada que tremia mais do que vara verde; não havia os agora indispensáveis acessos da arquibancada ao gramado para evacuação em caso de tragédia; o banco de reservas não atendia às novas recomendações da Federação Paulista; isso apenas no campo da observação, sem nenhum propósito premeditado.

Ainda colhi depoimentos de torcedores andreenses que tiveram de esperar bom tempo na rua porque os funcionários haviam perdido a chave do portão. Foi preciso que a Polícia Militar arrombasse a fechadura. O pior ainda estava por vir. Mesmo sob Sol de 34ºC, não havia uma única fonte de água potável, nem mesmo a possibilidade de comprar, já que não tinha lanchonete no espaço destinado aos ramalhinos.

Diante disso, fico pensando: será que a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro que atendem o Grande ABC são mais exigentes do que os de lá? Será que a Federação Paulista faz vista grossa para alguns estádios? Acho que o torcedor que paga ingresso merece praça esportiva de qualidade, com conforto e segurança, assim como o Bruno Daniel, depois de pronto, deverá oferecer. Mas é estranho um local que não atende a todos os requisitos conseguir sediar um jogo enquanto o outro, mesmo sem todas as obras de modernização prontas, continua interditado.




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