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Lenda urbana sustenta o terror de ‘O Chamado’
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
03/02/2003 | 18:08
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No mínimo veja O Chamado (The Ring, EUA/Japão, 2003) porque é um suspense sobrenatural aterrorizante e não tem adolescentes morrendo aos borbotões, nem maníacos dando sustos a todo momento. O terror é psicológico e com morbidez concentrada na seqüência final, quando se imaginava que já havia acabado. Mas não veja O Chamado se a idéia é buscar respostas factíveis. Por quês sobram neste manancial de referências, de A Bruxa de Blair a O Sexto Sentido, de Videodrome – Síndrome do Vídeo a Um Cão Andaluz, que atraiu milhares aos cinemas nos Estados Unidos e se candidata a culterror no Brasil.

Alguém na sala de cinema vai se segurar na cadeira esperando o sobressalto típico do gênero, como alguém saindo da penumbra para cair matando sobre a vítima. Nada disso acontece, e é impossível não permanecer tenso. O mote é uma espécie de lenda urbana sobre um vídeo VHS. Após a projeção, o telefone toca e alguém avisa que o espectador morrerá em sete dias.

Uma menina que viu o tal vídeo morre exatamente no prazo e sua colega, que não viu a fita, fica catatônica. Os amigos que estavam com ela sete dias antes também morrem. Rachel (Naomi Watts), jornalista, quer saber o que teria acontecido com sua sobrinha, vítima de parada cardíaca e com o rosto aterrorizado. Ela inicia a investigação porque seu filho (David Dorfman) desenha cenas relacionadas ao fato, três semanas antes.

Intrigada, refaz os passos da sobrinha e descobre a temerosa fita em um chalé na montanha. Assiste cenas de inspiração surreal. Entre outras, cavalos mortos na praia, o reflexo no espelho de uma mulher se penteando, um homem na janela, uma escada caindo e um círculo de luz. O telefone toca assim que a fita termina e um aviso confirma a lenda: “Você morrerá em sete dias”. Desesperada depois de seu filho ver a mesma fita, ela pede ajuda ao ex-marido (Martin Henderson) para esclarecer o mistério. Até aqui, nem chegou-se à metade do filme.

Sem adolescentes vítimas e sem sobressaltos, duas regras rompidas do terror que rende franquias milionárias. A derradeira cena é a maior das muitas indagações e sinaliza uma futura continuação. O Chamado em cartaz nos cinemas é remake do japonês Ringu (2001), de Hideo Nakata, baseado em livro de Koji Suzuki, co-autor inclusive do roteiro desta versão dirigida por Gore Verbinski (A Mexicana). Se a intenção for a mesma – e Ringu 2 já estreou no Oriente –, não foi dessa vez que concluíram um filme de terror moderno em uma única fita.




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