Política Titulo De volta à região
Lava Jato volta ao Grande ABC e cita apartamento de Lula

Funcionários em offshores que ocultavam reais
donos de imóveis são alvo de nova fase da operação

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
28/01/2016 | 07:00
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Montagem/DGABC


A 22ª fase da Operação Lava Jato voltou o foco para o Grande ABC. Depois de apontar que a Editora Gráfica Atitude, de São Bernardo, era utilizada pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para lavagem de dinheiro desviado dos cofres da Petrobras, agora a PF (Polícia Federal) avançou em offshores (empresas no Exterior) abertas para ocultar recursos públicos utilizados para compra de imóveis no Litoral. Dois dos investigados moram na região, um em São Bernardo e outro em Santo André.

Ademir Auada, residente na Vila Bastos, em Santo André, é apontado pelo MPF (Ministério Público Federal) como administrador da Mossack Fonseca, empresa do Panamá que gerencia offshores com objetivos suspeitos – entre elas a Murray Holdings. Ricardo Honório Neto, morador do bairro Jordanópolis, em São Bernardo, é funcionário da Mossack Fonseca.

A linha de investigação do MPF – desta vez batizada de Operação Triplo X – indicou que imóveis do condomínio Solaris, no Guarujá, litoral paulista, teriam sido adquiridos por meio de offshores para ocultação dos reais proprietários. As transações financeiras envolveriam a Construtora OAS e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto. Segundo o jornal O Globo, um triplex no condomínio pertenceu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A PF disse que o caso ainda está sob apuração.

A publicitária Nelci Warken – suspeita de ser administradora da Murray –, Ricardo Honório Neto e Renata Pereira Brito (funcionária da Moussack) foram detidos. Auada e mais dois suspeitos estão foragidos.

“A investigação policial apura a ocultação de patrimônio através de empreendimento imobiliário (Solaris), havendo fundadas suspeitas de que uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato teria se utilizado do negócio para repasse disfarçado de propina a agentes envolvidos no esquema criminoso da Petrobras. Nesta fase são apurados os crimes de corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, dentre outros”, sublinhou a PF, por nota. Oitenta policiais participaram da ação nas cidades de São Paulo, Santo André, São Bernardo e Joaçaba (Santa Catarina).

A investigação da PF caminhou pelo envolvimento da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo) no negócio. O banco possuía alguns apartamentos no condomínio Solares e, em 2009, vendeu à OAS. A suspeita dos policiais é a de que os apartamentos eram utilizados pela empresa como pagamento de propina a agentes públicos influentes na Petrobras.

DESTRUIÇÃO DE PROVAS
O MPF apurou que Nelci e Auada, contatados por repórteres, destruíram provas sobre a atuação da Murray e da Moussack. Promotores interceptaram ligações de Auada para sua filha, Carolina Maitê de Antonio Auada, relatando preocupação e afirmando que precisava triturar papéis da empresa. O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal de Curitiba, no Paraná, autorizou o mandado de busca e apreensão de dados.
O Diário não localizou a defesa de Auada e Honório. Por nota, a Bancoop informou “não ter qualquer relação com o empreendimento”. O Instituto Lula afirmou que o ex-presidente jamais ocultou possuir cota de apartamentos no Guarujá, adquirida pela Bancoop.  




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