Prefeito de São Bernardo entre 1993 e 1996, o empresário Walter Demarchi prepara desfiliação do PRB – já alinhado com o deputado federal Alex Manente (PPS) – com o objetivo de retomar papel mais ativo na política local.

Depois de deixar o Executivo local, Demarchi priorizou rotina no gerenciamento de seu restaurante, um dos mais tradicionais da cidade e que funciona há 65 anos. No local, busca estar presente em todo o processo. Desde a preparação da comida até a despedida dos clientes. “Não sou político profissional. Eu me dediquei à vida pública porque gosto de política e queria muito contribuir. Agora, sinto que é o momento de retornar. Quero ajudar.”

O ex-prefeito falou em retorno admitindo não ter estratégia traçada nem de que forma será sua participação após 20 anos de ausência. Além do mandato entre 1993 e 1996, ele foi vereador em 1976, sendo eleito presidente da Câmara, ficou como vice-prefeito entre 1983 e 1988 e exerceu mandato de deputado estadual de 1991 a 1992.

Na carreira política esteve filiado no extinto Arena e depois traçou longa trajetória pelo PTB, que segundo ele, “é sua agremiação de coração”. Para o retorno à política, Demarchi espera contar com o apoio do também ex-prefeito Tito Costa (1977-1982), hoje com 92 anos e com atuação ativa em direito eleitoral. “O Tito foi um grande amigo que fiz na vida. Foi vice-prefeito na minha gestão e ainda tem muito conhecimento, lucidez e articulação”, relatou.

Do atual cenário político, o hoje empresário evita avaliar os possíveis concorrentes ao Paço, apenas disse estar satisfeito com a gestão do prefeito Luiz Marinho (PT).

No passado, destacou vitória, no pleito de 1992, contra o então vice-prefeito Djalma Bom (PT). “Naquela eleição eu consegui aproveitar o racha dentro do PT, que ficou contra o Mauricio Soares”, lembrou. Na época, Mauricio queria que o candidato fosse seu secretário de Obras, Laurentino Hilário. Insatisfeito, o ex-prefeito deixou o PT.

Em sua gestão, Demarchi lembrou de seu secretariado que era composto pelo atual presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Ricardo Lewandowski – atuava como secretário de Assuntos Jurídicos –, e o ex-prefeito William Dib (PSDB), chefe da Pasta de Saúde. Recordou de polêmicos casos, como o Frangogate – denúncia de superfaturamento na compra de carne bovina e frango para merenda escolar, acusação feita por Djalma Bom.

“Tomei processo por causa do frango. Veio uma empresa e ofereceu fazer molho pronto, de frango e carne. Uma delícia. Era de Campinas. Fui lá na empresa. Gostei da ideia e quis trazer para refeição e o PT me acusou de levar vantagem. Não deu em nada e levei o molho no fórum e na Câmara e todos aprovaram”, discorreu.

Como grande feito, lembrou da Avenida Lauro Gomes. “O Mauricio Soares concluiu (a obra), mas nós que iniciamos esse processo. Foi importantíssimo para o viário da cidade. Na época, me chamaram de louco”, celebrou, ao dizer que sua gestão contemplou “todos os setores”, e valorizou “funcionalismo”. “Fiz um bom trabalho”.