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Fraga: 'nervosismo do mercado de câmbio está acabando'
Do Diário do Grande ABC
28/10/1999 | 15:57
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O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga Neto, disse nesta quinta-feira que o nervosismo vivido pelo mercado de câmbio nas últimas seis semanas está chegando ao fim. Ele justificou as pressoes que levaram o BC a invervir no mercado de câmbio na quarta-feira (27), salientando que "é natural que regimes flutuantes passem por fases nervosas". Mas garantiu que estas pressoes sao "sazonais" e que o país "tem condiçoes de passar por estas fases".

Numa avaliaçao que destacou ser "técnica", o presidente do BC disse ainda que o atual regime de câmbio flutuante é o mais indicado para o Brasil. Isso porque, segundo ele, promete mais estabilidade e previsibilidade, além de "amortecer choques externos e internos". As pressoes, na avaliaçao de Fraga, ocorrem no momento em que o novo regime cambial está amadurecendo no país.

Em palestra durante seminário promovido pelo Partido da Frente Liberal (PFL) e pelo Instituto Tancredo Neves, no Senado Federal, na manha de quarta-feira (27), Fraga fez também uma avaliaçao do atual quadro econômico do Brasil e garantiu que, nos últimos 18 meses, houve uma grande virada. "Vejo um Brasil que atacou seus problemas e tem condiçoes de voltar a crescer", afirmou. Até o final do ano e no próximo, segundo o presidente do BC, haverá surpresas positivas em relaçao ao desenvolvimento do país.

Provocado pelo economista Paulo Rabello de Castro que também participou do seminário e acusou o governo de gastar excessivamente, o presidente do BC nao rebateu preferindo concordar com a necessidade de reavaliar o gasto público. Pois, segundo ele, "hoje estes gastos sao quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB) sem considerar os juros". Para Fraga, combinar desenvolvimento com distribuiçao de renda, como pregou Castro, "nao é uma discussao, mas um objetivo nacional".

Numa lista das prioridades para a retomada do crescimento, o presidente do BC disse que em primeiro lugar está a reforma tributária. "A reforma vai ser uma limpeza" porque o atual sistema tributário "atrapalha o desenvolvimento". Por isso, segundo ele, "a reforma tributária está no topo da lista de prioridades". Em lugar lugar, avaliou, "é necessário reduzir o custo do capital". Ele disse que as medidas divulgadas pelo Banco Central há 15 dias para reduzir os juros sao apenas uma primeiro passo que deve ser complementado pelo Ministério da Fazenda.

Sem citar os instrumentos ou mecanismos que poderao ser usados pelo ministério, o presidente do BC disse apenas que "vem coisa aí", mas salientou que o objetivo é estimular a poupança de longo prazo.

Voltando a concordar com Castro, o presidente do BC considerou que, a terceira prioridade, é a privatizaçao. E pregou que "é necessário aumentar os horizontes da privatizaçao". Pois, segundo ele, "a privatizaçao casa bem com a idéia da poupança de longo prazo".

Também foram destacadas pelo presidente do BC as necessidades de aprovaçao da Lei de Responsabilidade Fiscal e a reforma da previdência social, ambas fundamentais para o melhoramento do gasto público. "Hoje vivemos uma combinaçao muito feliz de políticas que procuram reverter o descontrole macroeconômico e a ineficiência que vivia o país", assegurou.




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