Moradora do bairro Estância Paulista, em Ribeirão Pires, realiza eventos para abastecer bancos de sangue dos hospitais após doença da filha
A dona de casa Lia Terezinha Ribeiro Araújo, 62 anos, mora no bairro Estância Paulista e é conhecida em toda Ribeirão Pires. Há 18 anos ela dedica a vida a recrutar voluntários para doação de sangue.
Dona Lia abraçou a causa após a filha Maytê Ribeiro de Araújo, 30, desenvolver um câncer na hipófise aos 13 anos. A glândula é responsável por controlar todos os hormônios do corpo, de forma que a jovem teve diversos problemas de crescimento.
“Quando fiquei sabendo da doença dela, perdi o chão. Imagina para uma mãe ouvir isso. Foram quatro anos de tratamento até que desse resultado e hoje ela está saudável, com a doença controlada”, disse.
Maytê também se lembra do tratamento, principalmente das duas vezes em que precisou raspar o cabelo. “Foi por causa da radioterapia. Cheguei a fazer em torno de 100 sessões.”
Durante o período em que ficou internada no Hospital das Clínicas, na Capital, a família teve acesso ao sofrimento das pessoas que precisavam do banco de sangue. “Naquela época era ainda mais difícil ter voluntários para doar. A empresa do meu marido levava uma perua de funcionários para ajudar a repor o estoque usado pela Maytê. Esse era o empurrão que eu precisava para fazer algo maior”, disse.
Dona Lia e Maytê realizam três encontros de voluntários durante o ano, sempre promovidos antes ou depois de grandes feriados, período em que os bancos costumam ficar desabastecidos. O primeiro deste ano já tem data marcada: será no dia 18 de março. Os próximos estão programados para junho e novembro.
A cada encontro, realizado na sede do Ribeirão Pires Esporte Clube, (Avenida Prefeito Valdírio Prisco, 330, Centro) são cerca de 300 voluntários. “O povo é solidário. Divulgo muito, a gente coloca cartazes em toda a cidade, distribui panfletos e pede para que as pessoas coloquem no Facebook”, disse Lia.
Durante todo esse tempo, a família Araújo ajudou muitas pessoas. Segundo dona Lia, a maioria ela não conheceu, porém, algumas ficarão marcadas para sempre. “Houve um rapaz de 17 anos que tinha leucemia e eu e a família dele fizemos uma grande campanha. Conseguimos muitas bolsas, mas, infelizmente, ele morreu. Mas os familiares me ajudam nas ações até hoje e viramos amigos.”
A principal dificuldade de dona Lia é cuidar do marido, Rubens Araújo. Ele, que também participava ativamente das ações, hoje vive acamado com mal de Alzheimer. “Desde 2010 ele está nessa situação. No começo cheguei a pensar em parar.”
“O meu pai lutou muito por essa campanha de doação. Lembro até hoje quando perguntaram para ele o que ganhava fazendo isso e ele respondeu que ganhou a minha saúde e só estava pagando”, disse Maytê, emocionada.
Mesmo com as dificuldades, mãe e filha continuam na luta para abastecer os hospitais. A família tem parceria com a Colsan (Associação Beneficente de Coleta de Sangue) há dez anos, que disponibiliza os panfletos, profissionais e materiais necessários.
Para quem nunca doou sangue, dona Lia deixa um recado. “Todo mundo está sujeito a sofrer um acidente ou fazer uma cirurgia e percebi como é estar do outro lado. Já doei 44 vezes e vou continuar sempre que puder. Tem muita gente que quer e não pode, então você que pode, ajude a salvar uma vida.”
Bar Oréstes foi fundado em 1965
Na esquina da Rua dos Imigrantes com a Santo Bertoldo, o Bar e Mercearia Oréstes é o mais antigo do bairro. Fundado em 1965, ele é administrado pela terceira geração da família França, atualmente Carlos Roberto França, 47 anos, neto do fundador, seu Oréstes.
A família, que veio de Minas Gerais, se estabeleceu no bairro e fundou o primeiro comércio da região. “Meu avô construiu e administrou até 1979. Depois, meu pai e minha mãe assumiram os negócios. Ele morreu em 2005 e, desde então, comprei da minha mãe e administro tudo aqui”, disse.
Entrar no local proporciona ao visitante uma viagem no tempo. O piso é o mesmo desde a fundação, o freezer onde os sorvetes são guardados é da década de 1970, o ventilador, que não funciona, também.
Já a vitrine de madeira é datada de 1976 e enfrentou diversas enchentes. “Antigamente enchia muito e ela já aguentou demais. Fiquei com dó de jogar fora.”
Os doces também são tradicionais, de abóbora e amendoim. Porém, o que faz mais sucesso são os drinques feitos no local. Um deles leva pinga, limão e açúcar. São quatro garrafas vendidas por dia.
“No outro, amendoim, cachaça e leite condensado. Vendo dois litros. O preparo não conto porque é receita de família”, disse França.
Artesã aprendeu a bordar com a mãe na Paraíba
As mãos de Floriza Pereira da Silva, 66 anos, são ágeis e precisas. A artesã do bairro, que vende toalhas, lençóis e flores artificiais, aprendeu cedo a profissão com a mãe, que era rendeira na cidade de Monteiro, na Paraíba.
Atualmente o trabalho é distração e terapia para Floriza, que cuida do marido após ele precisar amputar uma perna. “Até comprei uma máquina de costura para ajudar a produzir mais rápido. Consigo bordar uma toalha em dois dias. Quando não faço, fico muito nervosa.”
Ela tem um espaço na garagem de casa onde vende todas as suas obras a preços que vão de R$ 20 até R$ 70. “Tenho essa lojinha, mas nem sempre abro, só mesmo quando tenho que trazer alguma coisa aqui na parte de baixo da casa. Estou me dedicando ao meu marido agora”, disse.
A artesã veio para São Paulo jovem, com apenas 14 anos, e depois retornou com a família para a cidade natal. Após o casamento, retornou com o marido e há 12 anos o casal mora no Estância Paulista com dois dos quatro filhos. “Não tenho saudades da minha terra, não. Toda a minha família, meus pais, meus irmãos acabaram vindo para cá. O bairro é muito tranquilo, é um ótimo lugar para se morar”, afirmou.
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