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Conselheiros não ligados ao governo desaprovam nome
07/02/2015 | 08:13
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Três conselheiros votaram contra o nome de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobrás. Na reunião realizada ontem, Mauro Cunha, representante dos ordinaristas, José Guimarães Monforte, dos preferencialistas, e Silvio Sinedino, indicado dos funcionários, desaprovaram a escolha para a substituição de Graça Foster.

A decisão sobre a saída da diretoria anterior, que renunciou na quarta-feira, e a eleição dos novos nomes geraram momentos de forte tensão na reunião do Conselho de Administração da estatal de ontem. Os conselheiros não ligados ao governo reclamaram que souberam pela imprensa da indicação do então presidente do Banco do Brasil.

O nome de Bendine não agradou aos acionistas minoritários por ser bastante alinhado com o Planalto e distante de alguém com perfil mais técnico e capaz de dar um "choque de credibilidade" à estatal, como chegou a ser cogitado. As ações da estatal voltaram a desabar ontem na Bovespa em razão da mudança na diretoria.

Publicidade. O descontentamento ficou explícito na nota divulgada por Mauro Cunha. "Eu gostaria de dizer em público as verdades que pus em ata, mas correria o risco de sofrer retaliações, como já sofri no passado. O acionista controlador mais uma vez impõe sua vontade sobre os interesses da Petrobrás, ignorando os apelos de investidores de longo prazo."

Como os nomes da nova diretoria vieram prontos, só restou aos conselheiros mais independentes votarem contra a indicação do governo. "É mais alguém da confiança do governo para ingerir na companhia", afirmou um participante. "Agora, 100% dos conselheiros não entendem do setor de petróleo", apontou, ao lembrar que Bendine entrará no Conselho como substituto de Graça, a única pessoa com profundo conhecimento da área até então.

O ex ministro da Fazenda Guido Mantega continua na presidência. Ele conduziu o encontro de ontem e apresentou o nome do ex-presidente do Banco do Brasil com elogios.

Sinedino publicou seu voto na página do Facebook. "As indicações por partidos políticos, como a Polícia Federal e a Justiça, acabam cobrando um alto preço em corrupção e malfeitos", disse. "Nosso voto é contrário aos nomes propostos, não pelo mérito pessoal, mas pela forma da indicação sem consulta aos trabalhadores da Petrobrás."

Sinedino, Monforte e Cunha apoiaram a decisão de Graça de tornar pública a cifra de R$ 88,6 bilhões referentes a perdas com a revisão dos valores dos ativos, o que inclui os problemas evidenciados pela Lava Jato. Embora não tenha entrado no balanço como baixa contábil, o anúncio provocou embate com o governo federal, que discordou do número. O problema culminou na demissão de Graça.

A publicação da cifra, dizem, acabaria gerando uma obrigação de, em algum momento, reconhecer as perdas sofridas nos últimos anos e limpar o balanço - hoje um ponto crucial para a viabilidade financeira da Petrobrás.




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