Economia Titulo São Bernardo
Karmann Guia não paga funcionários

Mesmo com promessa feita pela empresa, os
metalúrgicos passam Ano-Novo sem dinheiro

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
02/01/2015 | 07:42
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Orlando Filho/DGABC


Enquanto a maioria dos trabalhadores comemoraram o Ano-Novo, um grupo de metalúrgicos de São Bernardo estava aflito. Os funcionários da Karmann Guia monitoraram incessantemente suas contas bancárias, desde o dia 30, esperando o depósito de seus salários. Mas até ontem, conforme alguns profissionais que preferiram não se identificar, a promessa da presidente da empresa de ferramentaria e estamparia, Mônica Marani, não foi cumprida.

Segundo o diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e coordenador da entidade em São Bernardo, Nelsi Rodrigues, o Morcegão, a expectativa é de que a companhia pague até hoje, que é dia útil. “A dona, a Mônica, sabe que se não efetuasse o pagamento, a fábrica vai parar na segunda-feira (retorno das atividades na Karmann).”

Um dos trabalhadores que procuraram a equipe do Diário revelou que sua família está muito preocupada com a situação. Não conseguiu pagar o aluguel da casa porque não tinha certeza se receberia o valor até o último dia de 2014. Sem contar que passou pelo constrangimento de pedir dinheiro emprestado a parentes e não sabe ainda quando conseguirá liquidar essa dívida. “Consultei (o banco) várias vezes. Nada de pagamento (até ontem)”, desabafou o metalúrgico.
 
INÍCIO - Os problemas em relação aos salários dos funcionários da Karmann tiveram início no dia 15. Eles decidiram cruzar os braços, dentro da fábrica, porque o adiantamento salarial, que é pago normalmente no dia 15, não foi depositado. A paralisação durou cinco dias. No dia 19, o sindicato realizou assembleia na fábrica e foi definida greve em primeiro momento. Foi quando Mônica pediu a palavra e garantiu aos operários que depositaria o adiantamento no dia 20, o que foi cumprido.

Ainda neste momento, segundo o sindicato, a gestora garantiu que os próximos pagamentos seriam normalizados, o que indicou que o restante do salário sairia no dia 30. Com esse atraso, os metalúrgicos da Karmann tem mais um motivo para se preocupar.
 
MAIS PREOCUPAÇÃO -  De acordo com o sindicato, Mônica tinha explicado, no dia 20, que a empresa não tinha condições de liquidar a segunda parcela do 13º salário, cuja legislação brasileira fixa limite de até o dia 20 de dezembro. A presidente da companhia prometeu efetuar o pagamento no dia 23 de janeiro.

Outro compromisso assumido por Mônica foi o depósito dos valores em atraso referentes ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de muitos dos 500 funcionários a partir de janeiro. Alguns trabalhadores relataram à equipe do Diário que seus extratos do fundo apontam para mais de dois anos sem depósitos por parte da empresa.

O sindicato reconhece que a situação econômica e financeira da Karmann é complicada. Fornecedores desistiram de continuar em parceria comercial com a fábrica. E poucos projetos têm ingressado na linha de produção.

A Karmann deu início a um período delicado no primeiro trimestre de 2014, quando perdeu dois projetos grandes de autopeças. A Volkswagen, um dos principais clientes, decidiu encerrar suas linhas de produção dos veículos Gol G4 e Kombi.




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