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'Não sou o Lula, mas estou perto dele', diz Picerni
Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
18/07/2010 | 07:02
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Oswaldo Ventura


Currículo com 20 clubes como treinador. Destaques para Corinthians, Palmeiras, Nacional (Portugal), Al Ain (Emirados Árabes), entre outros. Mas foi no Grande ABC onde fez história e ganhou status, que chegou à Seleção Olímpica. As imagens que colecionou nas passagens por Santo André (duas) e São Caetano (três) seguem vivas na retina do técnico, quase celebridade na região.

"Não sou o Lula, mas estou perto dele", brincou. Aos 65 anos, Jair Picerni está sem clube e passa os dias em Vinhedo, no interior Paulista. E em entrevista ao Diário negou estar esquecido. Leia a seguir;

 DIÁRIO - Como está a vida pessoal e profissional?

JAIR PICERNI - Recebi ligações do Náutico, Sport, mas preferi ficar. Se ver que dá para ter sequência boa, aceito. Se não, fico aqui no meio do mato, em Vinhedo. Estudo fazer um livro com o meu filho (Jair da Silva Picerni).

DIÁRIO - Qual foi seu último trabalho no futebol?

PICERNI - Tive passagem boa pelo Red Bull até janeiro. Eles têm estrutura de empresa muito grande. Conquistamos no ano passado a Segunda Divisão e o acesso para a Série A-3.

DIÁRIO - O que significam Santo André e São Caetano na sua carreira?

PICERNI - Não é todo mundo que sabe, mas a medalha de prata na Olimpíada (1984, em Los Angeles-EUA) conquistei graças ao trabalho feito no Santo André, com o quarto lugar no Paulista de 1983 e o décimo na Copa Brasil (atual Brasileiro) de 1984. A CBF me convidou e me deu a oportunidade de ir à Seleção. Foram dois momentos de encanto na minha carreira: chegar à Seleção numa Olimpíada e ao primeiro clube grande, o Corinthians.

DIÁRIO - E o São Caetano?

PICERNI - O São Caetano tinha disciplina rígida de empresa, bem organizada, misturada ao futebol. Quando assumi, em 2000, fomos campeões da Segunda Divisão (Série A-2 Paulista). O clube selecionava muito bem os atletas, como Magrão, Claudecir, Adhemar, e também tinha a sensibilidade de encaixar jogadores que não estavam bem, como Mancini e Marcos Senna. Foram anos maravilhosos.

DIÁRIO - Por tudo aquilo que conquistou no Azulão (dois vices-brasileiros, em 2000 e 2001, o vice da Libertadores, em 2002, e a Série A-2 de 2000), o São Caetano foi o clube que mais lhe marcou?

PICERNI - O Santo André e a Ponte Preta significam muito porque foi onde comecei, mas o São Caetano foi espetacular. Conquistei resultados, fiz amizades e a torcida, apesar de pouca, era admirável. Eu sabia quem era quem e pelo nosso trabalho conseguíamos levar acima de 15 mil pessoas aos nossos jogos. Íamos jogar em lugares distantes e perguntavam o que era São Caetano? Se era alguma faculdade? Não conheciam a cidade. Às vezes o pessoal lembra de mim mais pelo São Caetano do que pelo Palmeiras.

DIÁRIO - Dói o coração não ter conquistado os títulos?

PICERNI - Nos preparamos sempre para vencer tudo. Se tivesse complementado meus trabalhos com títulos, seria ainda mais importante. O ouro olímpico, a Libertadores e a disputa do Mundial, dois Brasileiros, enfim, seria diferente. Gostaria de ter conquistado os títulos, mas tudo o que programei eu conquistei. Cheguei à Seleção, aos clubes grandes, fui para fora do país...

DIÁRIO - E como você resume a passagem pelo Palmeiras?

PICERNI - No Palmeiras também fiz grande e suada campanha (no título da Série B do Brasileiro, em 2003). Aquela conquista tem um peso danado, porque o Palmeiras poderia estar na Segunda Divisão até hoje.

DIÁRIO - Em 2011, além de Santo André e São Caetano, o Grande ABC terá o São Bernardo na Série A-1. O que você acha disso?

PICERNI - Acredito que os clubes do ABC complementam um ao outro. Na minha época, por exemplo, fazíamos muitos jogos-treinos com o Palestra. O São Caetano e o Santo André só ganharam e chegaram onde chegaram pelos projetos feitos. Quer queira ou não, o ABC formou faculdade do futebol.

DIÁRIO - Se fosse feito convite por algum dos clubes do Grande ABC, você voltaria?

PICERNI - Se der liga, sentir que há condição legal de trabalho, com certeza aceitaria. O ABC sempre será minha casa. Mantenho amizades.

DIÁRIO - Considera-se esquecido?

PICERNI - Passamos batido às vezes, mas no nosso meio tem para todos. A qualificação diz tudo. Até mesmo o pessoal da seleção do Peru veio me procurar. Mas estou numa boa e deixo a vida me levar.




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