Cultura & Lazer Titulo Exposição
Carlos Marighella, um sensível guerrilheiro
Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
07/11/2009 | 07:00
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Um guerrilheiro que, além de comandar a resistência ao regime militar, gostava de escrever poesias, ouvir músicas e fazer brincadeiras. Esse é o perfil de Carlos Marighella (1911-1969) que o público poderá conferir na exposição "Marighella", a partir de amanhã e até 25 de abril, no Memorial da Resistência de São Paulo, na Capital. A mostra, com entrada franca, reúne fotos, textos e depoimentos em vídeo de personalidades.

Morto em São Paulo há 40 anos, durante emboscada chefiada pelo delegado Sérgio Fleury, o político protagonizou momentos decisivos na história brasileira. Nascido em família pobre de Salvador, neto de escravos e imigrantes italianos, iniciou a militância nos anos 1930.

Torturado pela ditadura do ex-presidente Getúlio Vargas e perseguido pelos golpistas de 1964, enfrentou longos períodos de clandestinidade. Mas a exposição, que tem curadoria de Isa Grinspum Ferraz (sobrinha da viúva de Marighella, Clara Sharf) e do jornalista Vladimir Sacchetta, não reverencia apenas a coragem daquele que foi definido como "verdadeiro herói brasileiro" pelo crítico literário Antonio Candido.

"Era um comunista diferente, que defendia os direitos das mulheres e o divórcio na década de 1940, o que era impensável", afirma Isa.

O revolucionário, que nesta semana recebeu o título in memorian de Cidadão Paulistano, também escrevia versos libertários, líricos e satíricos, sob a influência do conterrâneo Gregório de Matos, morto em 1696.

"Ele se definia como ‘mulato baiano' e adorava Dorival Caymmi, praia e futebol", revela a curadora, que tinha apenas 10 anos quando o mito morreu.

Hoje, às 11h30, em performance restrita a convidados, o percussionista Dinho Nascimento apresenta no Memorial da Resistência poemas musicados do ícone.

Isa destaca ainda no acervo da exposição as cartas escritas para a família e um dos cartazes fixados pelos militares nos Anos de Chumbo em que o comunista aparecia como procurado pela polícia. "Há muitas coisas curiosas e as pessoas precisam realmente conhecê-lo", resume a curadora, que prepara documentário sobre Marighella, com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2010.

Marighella - Exposição. De terça a domingo, das 10h às 17h30. Até 25 de abril. No Memorial da Resistência de São Paulo - Largo General Osório, 66, São Paulo. Tel.: 3335-4990. Entrada franca.




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