Economia Titulo Seu bolso
Em um ano, cesta fica
R$ 69 mais cara no ABC

Itens custam 19% mais que em 2012 e três vezes mais
que inflação; cesta básica fechou março em R$ 435,96

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
02/04/2013 | 07:04
Compartilhar notícia


Itens como tomate, cebola e laranja nunca pesaram tanto no bolso do consumidor da região. Esses produtos contribuíram para que a cesta básica, em março, ficasse 19% mais cara em comparação com o mesmo mês em 2012. Isso significa que, em um ano, o conjunto de itens de primeira necessidade encareceu R$ 69,31, passando de R$ 366,65 para R$ 435,96. O aumento é mais que o triplo do reajuste da inflação do período, que teve alta de 5,77%, conforme o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O indicador mede a inflação na Capital e é o que mais se assemelha ao Grande ABC.

 

Em relação a fevereiro, houve aumento de 0,92%, ou R$ 3,98, no valor dos produtos. Os dados fazem parte da pesquisa da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

Dentre os 34 itens pesquisados, o preço da cebola foi o que mais encareceu, com alta de 30,60%. O quilo hoje é vendido a R$ 4,05. Outros produtos que também registraram elevação foram o tomate e a laranja - respectivamente com 13,59% e 13,78%. Para se ter ideia, a dona de casa desembolsa a cada quilo de tomate R$ 7,10, em média, podendo chegar a R$ 8,95. O da laranja sai em torno de R$ 1,44.

O engenheiro agrônomo da Craisa e responsável pela pesquisa, Fábio Vezzá De Benedetto, explica que as oscilações climáticas, mais frequentes com o passar dos anos, prejudicaram o plantio e a colheita dos itens pertencentes ao grupo dos hortifrutigranjeiros (frutas, verduras, legumes e ovos). "Além da chuva em excesso no início do ano (que trouxe temperaturas baixas em março), os pequenos produtores estão cada vez mais distantes dos grandes centros. Isso acaba encarecendo o produto, avaliando a logística, a distribuição dos alimentos in natura." Além disso, o consumo desses itens vem crescendo.

Item tradicional no prato dos brasileiros, o feijão também tem contribuído para o encarecimento da cesta na região. O pacote de um quilo do grão está sendo vendido a R$ 4,87, em média, mas é encontrado entre os supermercados do Grande ABC por até R$ 6,99. O alimento já acumula alta de 29,9% desde dezembro.

MAIS BARATO - Enquanto muitos itens só encarecem, os quilos da carne bovina e do frango resfriado têm despencado. A carne branca, por exemplo, está 3,57% mais barata do que em fevereiro. Na última semana, a proteína foi encontrada a R$ 4,79, o quilo. Já a carne vermelha de primeira pode ser comprada a R$ 15,61 o quilo - 6,11% a menos. "Para quem gosta, o momento de comprar carne é agora. Devido à Semana Santa e à Quaresma, muitos deixaram de comer e os preços estão menores."

 

Preço do tomate sobe 70% no ano

Não é exclusividade dos consumidores da região o encarecimento do tomate. Segundo o Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o preço do fruto em todo o País subiu 11,62% em março e, no trimestre, acumula inflação de 70%.

"Está muito caro", criticou a dona de casa Conceni dos Santos. Moradora de Diadema, ela disse que chegou a pagar R$ 1,50 pelo quilo do produto, em 2012. "Acabei de sair do mercado e está impossível, R$ 9", garantiu. "Meu marido não faz as refeições sem uma saladinha. Então, a solução é comprar dois tomates, um para o almoço e outro para a janta", explicou a dona de casa.

A inflação do tomate está listada no IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal) do Ibre-FGV. O indicador subiu 0,72% em março. Boa parte dessa alta foi estimulada pelo fruto, que empurrou o grupo alimentação para expansão média de preços de 1,31%. A cebola também entrou no pacote, com inflação de 25%.

Para o coordenador da pesquisa do IPC-S, Paulo Pichetti, dois fatores contribuem para o aumento intenso dos preços do tomate. O primeiro, que também está atribuído ao grupo de hortifrúti em geral, é o clima. "O produto é sensível aos extremos climáticos", disse o especialista.

O segundo ponto é o aumento constante da demanda pelo produto nos últimos anos. "Mas a oferta não acompanhou essa elevação", esclareceu Pichetti.

Ele destacou ainda que é nítido que o tomate saiu da tendência do grupo hortifrúti de encarecimentos sazonais e recuos após a fase ruim na produção. "Temos visto que as quedas de preços não têm compensado os ganhos nos últimos anos." E os preços passaram a se manter em patamares mais elevados.

PREÇOS - Formaram a inflação de março de 0,72%, além da alimentação, os grupos habitação (0,74%), vestuário (0,81%), saúde e cuidados pessoais (0,51%), educação (0,24%), transportes (0,34%), despesas diversas (0,18%) e comunicação (0,45%).

Pichetti pontuou que o aumento da gasolina e a redução da tarifa de energia elétrica, determinados no início do ano, não influenciarão mais a inflação para as famílias. Mas foram ativos nos resultados até agora. "A gasolina adicionou 0,15 ponto percentual e a queda no preço da energia gerou impacto negativo de 0,54% ponto na inflação de 2,07% acumulada no ano." O especialista observou ainda que serão necessárias algumas semanas para identificar o impacto da desoneração dos itens da cesta básica na inflação. Sua perspectiva é de desaceleração do IPC-S, em abril, para próximo de 0,50%.

Porém, para o auxiliar de produção Moab Pereira da Silva, de Diadema, o limite já estourou. "Tudo está subindo. Arroz, feijão, café, óleo. Até minha esposa está procurando emprego para ajudar lá em casa." (Pedro Souza)

 

Passada a Semana Santa, é hora de o consumidor comprar peixe

A Semana Santa já passou, mas a data religiosa deixou resquícios entre os hiper e supermercados das sete cidades. Além dos ovos de chocolate, itens como bacalhau e peixes frescos estão mais baratos. Essa é a forma que os estabelecimentos têm para não perder os alimentos e esvaziar os estoques. Quem não pôde comprar bacalhau para fazer às vésperas da Páscoa, devido ao valor elevado, poderá se deliciar agora. "Esse é o momento", explica o engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), Fábio Vezzá De Benedetto.

No sábado, o quilo do bacalhau do Porto em lascas já era vendido por R$ 19,90. Há algumas semanas, saía por R$ 29,90. Outras opções para quem gosta da carne branca é o filé de cação, vendido por R$ 9,99 (800 gramas) e o filé de pescada, a R$ 10,39 o quilo. Vale lembrar que, nos sete dias que antecederam a Semana Santa, as carnes eram comercializadas por até R$ 19,90, o quilo.

VARIAÇÃO - Quem comprou o bacalhau com antecedência, neste ano, pagou mais caro. O preço da carne na região variou 45%, ou seja, o cliente pode ter pago de R$ 26,80 a R$ 38,90 pelo mesmo tipo e quantidade do alimento.

O engenheiro da Craisa explica que, quando se trata de datas sazonais, o melhor a fazer é pesquisar e deixar para comprar bem antes ou depois da data. Isso porque, na semana que antecede a comemoração, os produtos sempre estão mais caros. (Tauana Marin)

 

 

Ovo de Páscoa fica até 32% mais barato

O consumidor do Grande ABC que deixou para comprar os ovos de Páscoa depois do feriado encontrou preços mais baixos do que no início de março. Levantamento do Diário realizado em sete supermercados apontou que os preços do chocolate estão até 32% mais baratos.

Porém, quem não fizer as compras rapidamente corre o risco de não encontrar mais as guloseimas dispostas nas parreiras. Alguns supermercados já retiraram os produtos sazonais ontem e, outros, não possuem mais estoque.

Nos mercados que ainda mantêm os produtos, sobraram poucas unidades. Ovos da linha Kinder, da Ferrero, Talento, da Garoto, e Galak, da Nestlé, são exemplos dos itens que sumiram por causa da demanda.

MAIS BARATO - O ovo que apresentou a maior queda, de 32%, foi o Sonho de Valsa de 530 gramas, da Lacta, passando de R$ 44,38 para R$ 29,90 em um estabelecimento de São Bernardo. O segundo maior recuo, de 30%, foi do Talento Avelãs de 375 gramas, que diminuiu de R$ 34,39 para R$ 23,90 em um supermercado em Santo André.

Em Diadema, os consumidores foram surpreendidos com a ação de funcionários em lojas do Extra e do Carrefour. Os trabalhadores desmontavam as parreiras e não havia mais ovos. "Depois de atender com sucesso a demanda de seus clientes até o domingo de Páscoa, o Carrefour encerrou as vendas desses produtos sazonais. A rede de hipermercados continua a oferecer um grande sortimento de chocolates em barra e caixas de bombons", explicou o Carrefour.

O Grupo Pão de Açúcar, detentor do Extra, destacou que é um movimento natural desmontar as parreiras após a data. Mas garantiu que, nos próximos dias, vão ocorrer promoções nas lojas em que sobraram ovos, sem especificar de quais marcas são. (Yara Ferraz/Especial para o Diário)

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;