Em junho, o consumidor honrou mais os seus pagamentos do que em maio e no mesmo período em 2008. Segundo levantamento realizado pela TeleCheque, empresa de concessão de crédito no varejo, o número de cheques emitidos e devidamente pagos alcançou 97,69% de todos os lançados, crescimento de 0,71% em relação a junho do ano passado e de 0,49% em comparação a maio.

Na avaliação de Celso Ruiz, presidente da Ace (Associação Comercial e Empresarial de Diadema), isso não significa que a crise acabou. "A questão é que o consumidor normalmente é mais ousado. Ainda mais no ano passado, em que a economia estava bastante aquecida. Ele comprava, empurrava os pagamento das dívidas com a barriga e depois renegociava. Com o cenário sombrio da crise, ele está mais cuidadoso".

O presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura, compartilha da opinião. "O medo de perder o emprego fez com que as pessoas se tornassem mais cautelosas. Elas compraram um pouco menos e, portanto, se endividou menos, conseguindo honrar mais seus pagamentos", afirmou.

Para Moura, esse comportamento deve se manter até outubro ou novembro, época próxima ao final do ano e em que ocorre o pagamento do 13º salário, "quando começam as compras por impulso".

REGIÃO - Em São Bernardo, de acordo com o presidente da Acisbec, a inadimplência também diminuiu. "Os dados se refletem em toda a região, pois o comportamento do consumidor é muito semelhante. O de São Bernardo não é diferente do de Santo André, por exemplo".

Segundo Ruiz, da Ace, nos últimos 15 dias o número de cheques devolvidos diminuiu bastante. "No comércio, tenho ouvido dizer que a situação tem melhorado. Em minha empresa também. Além de receber menos cheques, eles foram mais honrados".

FRAUDES - A pesquisa da TeleCheque apontou ainda que, ansiosos por vender mais, os lojistas garantiram o declínio na emissão de cheques fraudados. Em junho, as fraudes no Brasil tiveram queda de 12,5%, quando comparado a maio, e de 6,67% em relação ao mesmo período no ano passado.

Na opinião do diretor-regional da TeleCheque, Rozinaldo Santos, os dados se devem a uma maior confiança tanto dos comerciantes em seus consumidores - que precisavam desovar estoques de datas como Dia das Mães e Dia dos Namorados e aproveitaram para oferecer melhores condições de pagamento - como do consumidor no governo, após frequentes demonstrações de incentivo à economia, como a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para diversos itens.

"O consumidor não só está honrando seus pagamentos como está violtando a comprar mais", finalizou Santos.