Economia Titulo Volatilidade
Variação cambial tumultua vida das empresas
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15/06/2009 | 07:02
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No meio do ano passado, com o dólar cotado na casa do R$ 1,80, os exportadores não paravam de reclamar das dificuldades de vender seus produtos no Exterior. Aí veio a crise global e, em três meses, o dólar chegou a R$ 2,50.

Era a vez dos importadores reclamarem. Mais alguns meses e o dólar volta para a casa de R$ 1,90. Agora, todos reclamam: com tamanha volatilidade, não há planejamento financeiro que se sustente. "A oscilação é pior que o dólar alto, porque prejudica qualquer plano a longo prazo", disse Marcel Malczewski, presidente da Bematech, fabricante de máquinas e equipamentos para automação comercial.

A empresa, que utiliza boa parte de componentes importados, viu seus custos baixarem nos últimos meses por causa da desvalorização do dólar. Mesmo assim, Malczewski afirmou preferir a estabilidade.

Hoje, a venda de equipamentos para automação comercial responde por dois terços da receita da Bematech, que foi de R$ 318 milhões em 2008, 30% mais que em 2007.

Marcos Barros, diretor financeiro e de relações com investidores da Dixie Toga, gigante do mercado de embalagens, ressaltou que o vaivem do dólar contribui para deixar sua agenda mais tumultuada. As reuniões com clientes e viagens de negócios se tornaram mais frequentes.

"Como o câmbio inverteu, agora os clientes pedem desconto. Temos de estar constantemente precificando os produtos. E dá-lhe negociação", diz. A Dixie Toga é controlada pelo grupo americano Bemis Company e fabrica vários tipos de embalagens, de tubos de creme dental a potes de margarina.

Quase 90% das matérias-primas que utiliza, como as resinas plásticas, são importadas. "O dólar instável gera incerteza, ficamos ao sabor do vento. Não tenho mais uma rotina".

A Vitopel, que também atua no segmento de embalagens, precisou rever sua estratégia para este ano por causa da grande variação apresentada pelo câmbio.

Entre janeiro e abril, a empresa havia triplicado suas vendas ao Exterior, quando chegou a vender 2.000 toneladas por mês de filmes flexíveis, o carro-chefe da empresa. Assistindo à queda do dólar, José Ricardo Roriz Coelho, presidente da empresa, reuniu seus principais executivos para traçar um plano B. "Reduzimos em 20% as exportações por causa do câmbio", informou Coelho, que redirecionou parte da produção para atender ao mercado doméstico.




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