Cultura & Lazer Titulo Dança
Incansável Borelli

O coreógrafo de Santo André conhecido pelo intenso processo criativo esbanja fôlego aos 49 anos de idade

Por Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
31/05/2009 | 07:00
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Em 1991, Sandro Borelli deixava o Balé da Cidade de São Paulo e começava a delinear os primeiros passos como coreógrafo. No mesmo ano, nascia Gabriel, o primeiro filho. Hoje, aos 49 anos e pai pela segunda vez - Clara tem cinco meses - o bailarino comemora a consolidação de sua ideologia e o reflexo disso em sua obra, que sempre bebe nas discussões sociais humanistas. "A diferença do Borelli de hoje e o de 18 anos atrás é que tenho pensado cada vez mais no grupo e não no individual. Eu tenho de pensar na minha classe, na minha comunidade e agir nesse sentido", pondera.

É nesse turbilhão, a um mês da estreia da coreografia Estado Independente, inspirada no discurso político de Che Guevara e de um livro que conta a história da companhia que leva seu nome, que Borelli encontra tempo para reapresentar um dos espetáculos de seu repertório e coreografar uma ideia de Fábio Mazzoni.

Carne Santa, lançado em 2007, é um espetáculo que Borelli desenvolveu tendo como base a obra de Renato Russo e o contexto histórico em que a Legião Urbana surgiu. A pedido da curadoria do 23º Congresso da International Society for the Performing Arts, que ocorrerá em São Paulo, o espetáculo volta no próximo fim de semana para três apresentações no Teatro de Dança.

Já Procurando Schubert marca a terceira parceria com Mazzoni, profissional que Borelli considera talentosíssimo. "Não é fácil o trabalho casar: em geral, o diretor é coreógrafo e o coreógrafo também é diretor. Acho que o segredo de trabalharmos bem é a amizade que existe entre a gente mesmo", simplifica. O espetáculo solo - interpretado pela bailarina Jacqueline Gimenes - entra em cartaz no dia 4 no Sesc Consolação.

O dançarino andreense é conhecido pelo intenso processo criativo e, consequentemente, por emendar um trabalho no outro. Enquanto o espetáculo inspirado na figura do revolucionário argentino não entra em cartaz, ele mergulha na leitura da história latino-americana. "Infelizmente demorou para isso cair nas minhas mãos. Acho que a gente cresce aprendendo elementos da cultura europeia e nada da daqui", lamenta.

A montagem deve abrir no Teatro Popular do Sesi. "Estreia em plena Avenida Paulista, o que não deixa de ser uma ironia. Mas é assim que se faz guerrilha", brinca. Na ocasião também deve ser lancado o livro que conta a história da companhia, escrito pelo jornalista Mauro Fernando. "Ele teve toda a liberdade para escrever e até para colocar críticas negativas", diz.

Sob a ansiedade para a estreia de Estado Independente, resiste ainda a paixão pela obra de Franz Kafka, que gerou uma série de coreografias, entre as quais A Metamorfose, Carta ao Pai e O Artista da Fome. "Digo sempre que Kafka é como droga e difícil de abandonar", brinca. O resultado da dependência no autor deve ser a adaptação de Colônia Penal, em 2010.

Procurando Schubert: do dia 4 ao dia 26 (5ª e 6ª, às 21h). No Sesc Consolação - Rua Dr. Vila Nova, 245. Tel.: 3234-3000. Ingr.: R$ 8. Carne Santa. Dias 5, às 21h, 6, às 20h e 7, às 18h. No Teatro de Dança - Avenida Ipiranga, 344. Tel.: 2189-2557. Ingr.: R$ 4.




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