Economia Titulo Longa duração
Para IPEA, crise ainda demorará a passar
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
12/05/2009 | 07:00
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A crise não será de curta duração, afirmou o presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Marcio Pochmann, na tarde de ontem durante o seminário "A crise financeira mundial e alternativas para sua superação", realizado na Câmara de Diadema.

Dentre as justificativas de Pochmann, encontra-se o fato de que a turbulência tenha sido gerada devido à forte intervenção do Estado norte-americano que fez vista grossa aos papéis podres e às alavancagens dos derivativos bancários. "Com juros muito baixos, as famílias tomaram muitos empréstimos e a construção civil gerou um boom na produção. Criou-se uma falsa equivalência entre consumo e bem-estar. A casa perdeu o sentido da sociabilidade e da reprodução humana e passou a ser vista como um depósito", salientou. "A riqueza mundial é de US$ 65 trilhões, mas as alavancagens e papéis alcançavam US$ 500. É preciso haver uma reconstrução dos padrões de financiamento".

Outro fator é que a crise é estrutural e afeta diretamente a indústria. "Dificilmente entraremos em uma superação rápida. A singularidade dessa turbulência está no fato de que ela é a primeira experiência do capitalismo globalizado, em que praticamente todos os países estão submetidos à lógica mercantil", apontou.

DEPENDÊNCIA - Segundo o presidente do IPEA, hoje os bancos estrangeiros respondem por 25% do crédito no País. "É um absurdo 1/4 do crédito no Brasil depender de recursos externos". Somado a isso, o comércio exterior neste ano deverá ter queda entre 7% e 12%, afirmou Pochmann. De acordo com ele, esta é a primeira vez desde 1982 que um recuo ocorre.

"A nossa sorte é que a partir de 2003, 60% dos clientes do mercado externo são nações em desenvolvimento. Até então o destino era dominado por países ricos. Não fosse isso, a situação seria ainda pior", avaliou, referindo-se principalmente à China. O México, cujas exportações dependem essencialmente dos Estados Unidos, sofrem um efeito ainda maior. "Além disso, como o preço das commodities voltou a subir, o câmbio nacional volta a se valorizar após longo período de desvalorização".

Também presente no evento, o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, José Gascon Hernandez, pediu ajuda do governo para que os pedidos das micro e pequenas empresas da região não cessem. "Esta é a segunda onda da crise, pois as grandes empresas estão internalizando a produção que antes era terceirizada". E prosseguiu: "A tributação é perversa e ainda, muitas vezes, as grandes dão preferência a itens produzidos na China, por exemplo, utilizando energia e mão de obra estrangeiros".

O presidente da Câmara, Manoel Eduardo Marinho, assegurou que a defesa do fortalecimento das micro e pequenas será a bandeira do órgão.




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