O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) resolveu testar as três principais empresas que oferecem serviço de internet banda larga em São Paulo e chegaram à mesma conclusão que relatam os consumidores: há problemas de todas as ordens, desde técnicas até contratuais e financeiras. Passando-se por clientes comuns, os pesquisadores solicitaram atendimento da Net, Telefônica e TVA. Logo de início, todas deixaram de cumprir o prazo de instalação.

Em seguida, as falhas se multiplicaram. Ao todo, foram solicitados seis pontos - dois de cada empresa. Para garantir a veracidade dos dados e dar credibilidade à avaliação, o Idec contou com o apoio do CGI (Comitê Gestor da Internet). O órgão desenvolveu um software específico que, conectado aos computadores, avaliou instabilidade e velocidade do serviço.

Os pontos foram instalados em duas residências diferentes da Capital. O bairro interfere diretamente no preço do serviço. "A TVA e a Net, por exemplo, cobram valores distintos, em caso de rescisão", diz Carlos Tadeu de Oliveira, coordenador da pesquisa. Moradores da Zona Sul pagam quatro vezes menos. A Telefônica só instalou um dos pontos solicitados, por isso, não pode participar deste comparativo.

A empresa, porém, destacou-se no quesito venda casada. "Para podermos ter a banda larga, fomos obrigados a pagar pela instalação e assinatura de uma linha telefônica. O pacote inicial pulou de R$ 49,80 para R$ 496,96. Observamos a mesma prática em um dos pontos contratados da Net. Fomos obrigados a solicitar, em conjunto, o serviço de TV", comenta Oliveira.

Quando o assunto é atendimento ao cliente, mais problemas. "Este é o ponto fraco de todas as empresas. Toda vez que se tenta resolver alguma coisa, é um calvário. Parece que os atendentes trabalham desconectados da área técnica. O consumidor se sente inseguro", afirma Oliveira.

Até para retirar os equipamentos, na rescisão, as empresas não cumprem datas. "A Telefônica nem foi buscar."

REPERCUSSÃO
Em nota, as empresas manifestaram-se sobre o tese. A Telefônica garante que a tecnologia do Speedy é a mais usada no mundo e que já conta com 2,1 milhões de assinante no Estado. A empresa ainda analisa os resultados da pesquisa para poder esclarecer as questões apontadas pelo instituto.

A TVA responde que o descumprimento de prazos não é a regra na empresa. O fato aconteceu, segundo nota, em apenas um dos endereços do teste. Sobre os valores de multa, a empresa garante que o atendente se equivocou.

A Net informa que todos os pontos levantados pelo Idec já foram respondidos e justificados para a própria instituição.

A avaliação foi feita por quatro semanas consecutivas no final do ano passado e provocada mediante o alto número de reclamações.