O Grande ABC está na frente da média nacional quando o assunto é empréstimo consignado vinculado ao INSS (Instituto Nacional da Seguridade Social). Por aqui, o valor médio de cada empréstimo, em setembro, foi de R$ 3.770, valor 5,6% superior à média do País, de R$ 3.568.

A superioridade pode ser explicada pelo índice de desenvolvimento social e econômico da região, que está acima da média nacional. "E quanto maior a renda da população, mais alta é a capacidade de crédito", explica o professor de economia Volney Gouveia, da Fundação Santo André.

A região teve R$ 41,65 milhões distribuídos em 11.045 contratações em setembro, o que representou 2% das concessões no País e 4% dos empréstimos com o desconto em folha no Estado de São Paulo. Santo André teve o maior volume de crédito liberado na modalidade, R$ 13 milhões, seguido por São Bernardo, com R$ 12 milhões, e Diadema, R$ 5 milhões. Os dados são do INSS, que divulgou levantamento exclusivo à equipe do Diário.

O gestor dos cursos de Tecnologia de Gestão da Uscs (Universidade Municipal de São Caetano) e professor de finanças, Norival Caruso, avalia que os segurados podem ter aproveitado a oportunidade. "A renda desse grupo no Grande ABC é, geralmente, maior do que na média do País. Eles, portanto, devem estar contratando valores mais altos para aproveitar os juros baixos da modalidade e comprar bens."

Os dados do INSS corroboram com a opinião de Caruso. Os segurados de São Caetano fizeram as maiores contratações na região, com média de R$ 4.226. E segundo a Pesquisa Socioeconômica da Uscs, os moradores do município são donos da maior renda familiar média entre as sete cidades, de R$ 5.001.

De acordo com a lista disponível para consulta no site do Ministério da Previdência, no link www.mpas.gov.br, as instituições financeiras cobram entre 0,75% e 2,14% de juros mensais nos consignados vinculados ao INSS.

Para comparar, o empréstimo pessoal dos bancos e das financeiras custam em média, respectivamente, 3,27% e 7,51% ao mês, conforme pesquisa da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Professor da Fiap, o especialista em matemática financeira e consultor em finanças Marcos Crivelaro destaca que os juros do consignado são mais baixos por causa da segurança que as instituições financeiras têm ao emprestar. "O risco é menor. Como as parcelas são descontadas na folha de pagamento dos aposentados, por exemplo, quem libera o dinheiro tem a garantia de que será pago", diz. Ele acrescenta que em outras linhas de crédito, os juros ficam maiores pelo seguro embutido contra clientes que deixam de pagar.

O especialista em finanças pessoais da MoneyFit André Massaro diz que o consignado é, realmente, a melhor opção de empréstimos para os segurados da Previdência Social, devido ao seu baixo custo.

Mas Massaro avisa que os aposentados e pensionistas devem evitar ao máximo essa operação. "Normalmente esse grupo não tem aumento real na renda. E emprestar vai gerar parcelas que vão pesar no orçamento futuro, o que pode alterar o estilo de vida", orienta.