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Recusa da família é
entrave para doação

Dia Mundial da Doação de Órgãos incentiva campanha
sobre a conscientização tendo como foco os parentes

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
27/09/2012 | 07:00
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Apenas 30% das famílias autorizam a doação de órgãos e tecidos de parentes que tiveram morte encefálica. O levantamento foi feito pela ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos).

A entidade aponta que foram identificados, entre janeiro e junho, 4.073 potenciais doadores de órgãos e tecidos em todo Brasil. Porém, do total, apenas 1.217 se tornaram doadores efetivos.

No Estado, foram 1.300 notificações e apenas 398 doadores. Segundo o presidente da entidade, José Medina Pestana, a recusa da família em autorizar a doação ainda é a principal barreira. A explicação mais apresentada por essas famílias é o desconhecimento da opinião de seu parente.

No Dia Mundial da Doação de Órgãos, comemorado hoje, a associação aproveita para mobilizar pessoas em prol de campanhas que incentivem a doação voluntária de órgãos.

Dados da Secretaria Estadual da Saúde divulgados ontem apontam que 12.488 pessoas estão na fila de espera por transplante, o que corresponde a 0,03% da população do Estado. A maioria aguarda pela substituição do rim.

No Grande ABC, estima-se que o número seja de 800 pessoas e a demora para o procedimento alcance até dois anos. Para Medina, a situação tende a mudar na próxima década com o uso do diálogo. "Fazemos campanhas durante todo o ano. A pessoa só verá o benefício se acontecer na sua família, mas não há como conscientizar de uma hora para outra. É algo a ser incorporado à cultura das pessoas. Por outro lado, o número de transplantes tem aumentado a cada ano. Temos capacidade de dobrar a quantidade feita no Brasil em até dez anos", explica.

Atualmente, o País só perde para os Estados Unidos em número de transplantes feitos por ano. Ao todo, são realizados 40 mil no período.

EVENTO

O Ipes (Instituto Paulista de Educação e Saúde) de Santo André organiza hoje, a partir das 9h, seminário no Consórcio Intermunicipal sobre o tema. Uma das principais reivindicações da instituição é a criação de uma OPO (Organização de Procura de Órgãos) no Grande ABC.

A ideia, entre outros benefícios, provocaria redução no tempo de espera pelos transplantes e apressaria a busca por potenciais doadores na região. Ao todo, existem dez OPOs em todo Estado. A solicitação junto ao governo estadual foi feita há dois anos, mas ainda não foi respondida. A expectativa é que o serviço seja implantado no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. "A equipe está pronta e treinada. Falta apenas a assinatura do governador", explica Wilma Rosa, presidente do Ipes. Ofício com anuência dos sete prefeitos da região já foi encaminhado ao Estado. Uma das exigências para instalação é que a região tenha, no mínimo, 2 milhões de habitantes. Hoje, as sete cidades somam 2,6 milhões de moradores.

A Secretaria da Saúde do Estado informou que os dez OPOs atuantes de São Paulo suprem a demanda, mas que poderá implementar a ideia na região caso haja necessidade.

‘Não há explicação lógica para não querer doar'

Vice-diretora de uma escola estadual de Santo André, Iderli Patini Savino descobriu que sofria de síndrome renal policística aos 18 anos. Trata-se de doença progressiva e assintomática que envolve os rins com diversos cistos.

Hoje, aos 43 anos, os dois rins funcionam com apenas 5% da capacidade. As sessões de hemodiálise, que removem as impurezas do sangue não filtradas pelo rim, duram quatro horas e são feitas três vezes por semana. Há um ano na fila de espera por transplante, a educadora não compreende a recusa de famílias em doar órgãos de parentes. "Não há explicação lógica. A ação pode salvar outras vidas. Quando precisam da doação, vão atrás para ver como funciona. Você passa a ver a necessidade com outros olhos."

Enquanto não consegue a doação, a paciente precisa balancear a dieta com pouco sódio, proteína e não exagerar na ingestão de líquidos.




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