Discussões sobre arte contemporânea reuniram Carlos Ribeiro, Gustavo Jerônimo, Guilherme Augusto e Cristina Suzuki. Moradores do Grande ABC, há cerca de oito meses eles começaram a desenvolver debates quinzenais sobre um pouco de tudo. “Colocamos na mesa textos que nos interessam, desde coisas ligadas às artes até ciência e sociologia. Não há algo específico. Trabalhamos o pensamento de produção em um nível conceitual”, explica Cristina.

 Como grande parte das ideais convergia, eles formaram o Casa da Vez, que mescla formatos, cores e dinâmicas. O nome do grupo nasceu do questionamento sobre onde será o próximo debate, sempre na casa de um dos integrantes. Os pensamentos artísticos do quarteto serão revelados pela primeira vez como conjunto a partir de hoje, às 17h, com a abertura da exposição Casa da Vez – Pinacoteca. A mostra fica em cartaz gratuitamente na Pinacoteca de São Bernardo.

“Tudo tem sido muito louco e tenho visto como algo melhor para a nossa produção. Sentia falta de ter discussões sobre milhares de assuntos e a formação desse quarteto veio por conta disso. Nós nos fortalecemos. Minha pesquisa acabava sendo restrita a certas coisas e pegar essas referências externas só soma”, analisa Guilherme Augusto, o Gafi.

DIFERENTES UNIVERSOS

Entre as pesquisas espalhadas pelo local estão as ‘viagens’ com chamas de Carlos Ribeiro. “Trabalho com o fogo como um elemento mais estético. Por meio da queima das superfícies da madeira vão nascendo formas de uma maneira livre. Não tem controle sobre o resultado final e atuo mais como um agente para apresentar os desenhos que aparecem”, diz o morador de Santo André.

Representante de São Bernardo, Gustavo Jerônimo brinca com a quebra de regras em seu projeto Desenho Premiado, no qual volantes da Mega-Sena são reunidos com seus números preenchidos de maneira figurativa. “Quero mexer com o que é estabelecido no mundo, mostrar que existem outros olhares e caminhos de se chegar a algo. Também faço isso em cima de um jogo de xadrez, com tabuleiros e peças criando possibilidades que seriam inexistentes”, comenta.

Cristina Suzuki aposta no estilo site specific, no qual as obras são pensadas para o local onde elas estarão expostas. “Vou ao lugar antes e já penso em usá-lo de forma coerente. Imagino de que forma meu trabalho pode atingir o local”, diz a artista visual sobre seu espaço expositivo recheado de carimbos e estampas. Um vídeo complementa seus estudos.

Após se destacar por meio de pinturas, Gafi coloca seu talento à prova no desenvolvimento de uma instalação. Esta é sua primeira imersão no estilo. Segundo ele, as influências vêm de seu próprio ateliê e das ruas, elemento já característico de sua carreira. “O pessoal vai ver um pouco do meu processo. Costumo trabalhar com composições acumulativas e misturo coisas prontas com obras ainda em processo. Tudo isso forma um conceito.”

Agora, a expectativa do grupo é que a mostra abra outros horizontes. “O desafio é fazer com que o pensamento que permeia quatro artistas seja atrativo para o público. A exposição vai gerar novas discussões e já poderemos ver possibilidades dentro das nossas próprias ações para inter-relações futuras”, conclui Cristina.

Casa da Vez – Pinacoteca – Exposição. A partir de hoje, às 17h. Na Pinacoteca de São Bernardo – Rua Kara, 105. Tel.: 4125-4056. Ter. a sáb., das 9h às 17h; qui., das 9h às 20h30. Grátis. Até 5/7.