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Polícia aguarda
donos de academia

Polícia aguarda que proprietários da Tem
se apresentem de maneira espontânea

Por Fábio Munhoz
Renata Rocha
20/05/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


 Dois dias depois do acidente que provocou a morte de duas pessoas em academia de ginástica no bairro Pauliceia, em São Bernardo, os proprietários da Tem Esportes ainda não se apresentaram à Polícia Civil e não procuraram as vítimas. Eles são aguardados para prestar depoimentos no 5º DP da cidade, onde foi instaurado inquérito por explosão culposa.

A delegada Telma Regina Violi Preto afirma ter recebido informações de que os proprietários moram no Interior e teriam passado mal ao receber a notícia do acidente. A titular do distrito salienta que, por enquanto, não há prazo para que eles se apresentem. “Mas seria bom que viessem o quanto antes. A aparência que fica é de falta de interesse. Mas parece que não é o caso, devido a esse problema físico.”

A Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) informa que os sócios da empresa são Eliana Catarina Ernani Vendrami, Mario Leonardo Vendrami, Homero Rodrigues Marques e Salete Aparecida Ernani Moura. Segundo funcionários da rede de academias, Eliana e Mario seriam os principais responsáveis pela administração do negócio.

O trabalho de perícia foi iniciado ontem, mas teve de ser interrompido devido ao risco de desabamento da estrutura do imóvel. A delegada acrescenta que ainda não há necessidade de expedição de mandado de prisão preventiva. “A perícia não encontrou, até o momento, nenhuma irregularidade. E, segundo o Corpo de Bombeiros, eles estavam com alvará em dia.” A titular também irá convocar para prestar depoimentos os representantes das empresas responsáveis pela manutenção da caldeira e do sistema de tubulação a gás. O vazamento do combustível é apontado como principal causa da explosão.

Além de não se manifestar à polícia, pessoas afetadas pelo acidente também esperam posicionamento oficial por parte da direção. Vizinhos que tiveram as casas danificadas foram hospedados em um hotel. Já os familiares das vítimas fatais criticam o tratamento recebido. “Estamos esperando contato de alguém da academia. Isso é uma enorme falta de consideração com a gente”, reclama o aposentado Odair Alves, 66 anos.

Ele é pai da professora de natação Hélne Boriczeski Alves, 26, que morreu depois de ser atingida por escombros. O exame necroscópico apontou como causas da morte hemorragia interna e politraumatismo, com ruptura de fígado, baço e rim direito. O outro morto foi o torneiro mecânico Marcos Aparecido Pardim, 50, que morava na residência que dava fundos ao centro esportivo. Ele estendia roupas no varal no momento da explosão.

A Tem Esportes diz, por meio de assessoria de imprensa, que “está à disposição das autoridades competentes para fornecimento de todas as informações necessárias para esclarecer o caso” e que “dará todo o apoio necessário aos familiares e vítimas.

FERIDOS

Desde sábado, 12 pessoas já foram ouvidas, sendo quatro vítimas, dois funcionários, quatro vizinhos e dois parentes de usuários atingidos. O número de feridos contabilizados subiu de 12 para 16. O aumento se deu porque algumas pessoas machucadas foram levadas a prontos-socorros por amigos ou familiares e, dessa forma, não foram incluídas na contagem oficial. Pelo menos cinco pessoas continuam internadas nos hospitais de Clínicas (São Bernardo) e Brasil (Santo André).

Professora morta trabalhou na folga

A professora de natação Hélne Boriczeski Alves, 26 anos, poderia ter escapado da morte caso seguisse sua jornada de trabalho. Ela não estava escalada para dar aulas no sábado, quando a explosão na academia tirou sua vida. Em depoimento dado à Polícia Civil, a aposentada Irene Terezinha Boriczeski Alves, 61, mãe da instrutora, afirmou que Hélne foi ao estabelecimento para cobrir a falta de um colega.

Ela trabalhava no local havia pouco mais de um mês e estava no período de experiência. A professora aguardava ser chamada em um concurso público da Prefeitura de São Bernardo, no qual foi aprovada.

HORROR

A profissional de Educação Física Keila Gonçalves, 30, estava com a filha de 2 anos quando as tubulações de gás explodiram. “Depois da explosão, as luzes se apagaram e tudo começou a desmoronar. Estava dentro da piscina infantil e só pensava em proteger a minha filha.” A menina saiu intacta. Keila teve ferimentos na perna e no pé e precisou ir ao pronto-socorro.

Ela conta que, pouco antes do acidente, já havia sentido cheiro de gás e teria alertado a um professor de nome Thiago de que a água estava fria.

A delegada Telma Regina Violi Preto, titular do 5º DP (Pauliceia) afirmou que, em depoimento, um rapaz relatou que estava na piscina principal no momento do acidente. “Ele disse que havia mergulhado e, embaixo d’água, sentiu o impacto da explosão. Quando saiu, viu a professora dentro da água, já sem vida.”

Uma bancária de 23 anos que fazia musculação no pavimento superior também teve ferimentos na perna, possivelmente causados por cacos de vidro. “Quando deu o barulho, parecia que durou uma eternidade. Todo mundo ficou em pânico e tentou se proteger embaixo dos aparelhos”, relata.




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