Política Titulo Entrevista
É impossível ir ao
mesmo partido de
Dib, alega Morando
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
27/05/2013 | 07:29
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Marina Brandão/DGABC


Deputado estadual em terceiro mandato e candidato à Prefeitura de São Bernardo em 2008 com apoio do ex-prefeito William Dib (PSDB), Orlando Morando avisa que, caso saia do PSDB, não migrará para o mesmo partido do ex-padrinho político. Na semana passada, surgiu especulação de que Morando e Dib poderiam reforçar o PSB, legenda na qual ambos já foram filiados. "É impossível", alegou o parlamentar paulista ao mensurar a chance de caminhar partidariamente ao lado de Dib. Em entrevista ao Diário, Morando faz balanço de sua atuação na terceira legislatura subseqüente, enaltece a chegada da Linha 18-Bronze do Metrô, se mostra preocupado com o fato de poucas câmaras da região acolherem seu projeto de Ficha Limpa para servidores e volta a falar sobre o polêmico processo eleitoral no diretório do PSDB de São Bernardo. "Foi excludente, mesquinho e de perseguição política", avalia Morando, num claro recado ao ex-mandatário do tucanato local Admir Ferro, hoje diretor da Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo). Morando também analisa o segundo mandato do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), desenha o cenário para a tentativa de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes e opina que a eventual nova vitória do tucanato no Estado depende da manutenção do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) no arco de alianças do governador.

DIÁRIO - Qual principal conquista o sr. considera do seu terceiro mandato?

ORLANDO MORANDO - A Linha 18-Bronze do Metrô será diferencial. Acho que com as obras iniciadas, a população terá convicção que é importante de ter representante da região. A Linha 18 muda a característica, valoriza, faz com que o Grande ABC mude bastante para melhor. O êxito do mandato é ver a obra iniciada. Fui relator do projeto de lei que encaminhou recursos, já que o governo do Estado precisava do crivo da Assembleia para contrair os empréstimos. Estamos otimistas que no fim do semestre até o começo do segundo semestre esteja publicada a licitação.

DIÁRIO - Outra ação que o sr. costumeiramente destaca é a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Ficha Limpa no Estado. Porém, vemos que a maioria das cidades do Grande ABC não aderiu ao projeto. Qual avaliação o sr. faz desse cenário regional?

MORANDO - Em termos legislativos, considero uma das melhores leis aprovadas na Assembleia da atual conjuntura. No conjunto da obra foi êxito muito grande. Tanto é que a PEC foi copiada em 11 Estados da federação, como Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais. Mas vejo com tristeza e perda de oportunidade dos Legislativos municipais que não estão atuando. Corre-se o risco de ter norma federal exigindo isso de qualquer servidor público e você perde oportunidade do Legislativo local. Em São Caetano, o vereador Jorge Salgado (PTB) foi rápido e correto, assim como em Santo André houve a iniciativa do vereador Almir Cicote (PSB). É estranho, não tem por que não fazerem isso. É inaceitável contratar para cargos de confiança pessoas que não têm probidade mínima para exercer o cargo. A sociedade não aceita.

DIÁRIO - O sr. também encampou a proposta de resgate da Chácara Baronesa. Como será feito o trabalho de recuperação do espaço?

MORANDO - O Diário tem colaborado muito porque tem envolvido a sociedade. Tenho como prioridade salvar a Chácara Baronesa e transformá-la num parque, algo que não é hoje. Tem garantia de investimento (de R$ 4 milhões), falamos com o governo do Estado, mas estamos monitorando, fazendo audiência, falando com os bairros vizinhos. Vamos trabalhar para transformá-la em parque.

DIÁRIO - Qual avaliação o sr. faz do segundo mandato do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT)?

MORANDO - Acho difícil ele repetir as ações neste mandato, até por uma questão quase que natural de segundo mandato. É outro momento. As prioridades que o governo federal elencou no primeiro mandato dele serão distribuídas para outras cidades, como a Capital, Santo André, Mauá ou São José dos Campos. Ele não é mais vitrine que o PT queria. Vejo que perde-se sinergia. E estou preocupado com a quantidade de obras paralisadas. Obra iniciada no processo eleitoral e que hoje parece que deixa de ser prioridade e está abandonada. Obras grandes, como o complexo esportivo no antigo Clube da Volks, ou pequenas, como o campo do Jardim das Orquídeas, a qual até o material de lá foi roubado. Não sei quais motivos, cabe a ele explicar, mas é número muito grande de obras paradas.

DIÁRIO - O sr. avalia que a oposição precisa estar unida para enfrentar o candidato governista em 2016?

MORANDO - O processo vai se desenhar. Para falar de 2016 precisamos esperar por 2014. Vai passar necessariamente pela eleição de 2014. Saber quem se reelege da região, saber se o (Geraldo) Alckmin vai ser reeleito, a Dilma (Rousseff). Tem contexto muito mais amplos. Apesar de que forças externas colaboram, mas não são decisivas em uma eleição municipal.

DIÁRIO - Mas todos os oposicionistas precisarão estar no mesmo palanque?

MORANDO - Não precisa necessariamente estar no mesmo palanque. Acho que tem de ter o mesmo objetivo. Pode ser oposição não estando no mesmo palanque. Precisa de estratégia desenhada. Hoje, por exemplo, vemos o desenho da candidatura do Eduardo (Campos, PSB, governador de Pernambuco) e do Aécio (Neves, PSDB, senador por Minas Gerais). Se for um modelo bem sucedido pode ser copiado. E ter convicção de, num eventual segundo turno, estar unido de verdade, deixar de lado os interesses pessoais e se unir em torno de um projeto. Quem está na oposição tem interesse em pulverizar candidaturas. Tanto que o PT tenta acuar o Eduardo Campos porque sabe que a candidatura dele pode ser a peça chave para o segundo turno.

DIÁRIO - Como o sr. vê a possível candidatura do Marinho ao governo do Estado? É um nome que preocupa ao Geraldo Alckmin?

MORANDO - Conheço muito pouco e apenas por fofoca essa história. Qualquer renúncia hoje tem peso significativo. Sei porque acompanhei a eleição do (José) Serra (PSDB) e foi um ônus grande a ele a renúncia à prefeitura de São Paulo (em 2006, para disputar o governo do Estado). Sobre o concorrente, quem quer ganhar o campeonato não escolhe o adversário. Vamos trabalhar para o Geraldo ser reeleito.

DIÁRIO - Como o sr. avalia o cenário para a tentativa de reeleição de Alckmin?

MORANDO - Temos de ter cuidado porque não podemos perder aliados históricos. Sempre tivemos aliança importante em São Paulo com o DEM, PPS, PTB. O DEM se fragmentou porque teve surgimento do PSD. Temos de fazer todo esforço para ter o (Gilberto) Kassab (ex-prefeito de São Paulo e idealizador do PSD) próximo, se possível junto. No passado tivemos esse grande bloco em torno da candidatura, inclusive o PMDB, com o Orestes Quércia (morto em 2010). Hoje se desenha um PMDB mais distante. Por outro lado o Alckmin tem conquistado novos aliados, como o PDT, o PRB, vejo possibilidade do PP estar no entorno. Temos de ampliar a coalizão de partidos para uma força política bastante grande.

DIÁRIO - O sr. foi crítico do processo de eleição no diretório do PSDB de São Bernardo, que conduziu Paulo Naves à presidência. Algum dirigente local veio conversar com o sr. depois daquele episódio?

MORANDO - Ninguém e o sentimento continua. O processo do diretório foi excludente, mesquinho, desrespeitoso e de perseguição política. É um fato incompreensível. E o que é pior: colocou para dirigir um partido uma pessoa sem qualquer expressão. Não tem peso para convidar alguém para integrar o partido, convidar novos quadros. Isso criou constrangimento e reação do próprio presidente do partido (no Estado) à época, Pedro Tobias, de lamentar o episódio.

DIÁRIO - Quais podem ser consequências para o partido? Tem como ajustar esse ruído até a eleição do ano que vem?

MORANDO - A postura que foi tomada em São Bernardo foi o reflexo nas urnas no ano passado. Nenhum vereador eleito em Santo André e perdeu-se a possibilidade de eleger um prefeito (Paulinho Serra, hoje no PSD). Nenhum vereador em Ribeirão, apenas um vereador em São Caetano, diminuimos a bancada em São Bernardo, encolhemos em Diadema. Quem planta espinho só pode andar com o pé furado. Sobre 2014, não é um tema que me preocupa sobre o ponto de vista eleitoral do próximo ano e não vai decidir a eleição do Geraldo.

DIÁRIO - Essa cisão provocou a saída de muitos integrantes do seu grupo político, como Paulinho Serra e Lauro Michels (PV), prefeito de Diadema. É um indício que o sr. também pode sair do PSDB, uma vez que já houve convites de outros partidos, como PSB e PTB?

MORANDO - Não é assunto que está em pauta. Minha permanência ou saída não está em pauta. Sinto-me honrado com os convites, principalmente pelas legendas que se dispuseram a nos receber.

DIÁRIO - Uma das especulações que surgiu foi a possível migração para o PSB ao lado do ex-prefeito de São Bernardo e atual deputado federal William Dib (PSDB). Qual a chance de isso acontecer?

MORANDO - Impossível. Eventualmente, se eu migrasse de partido, algo que não está em pauta, jamais iria para um partido que fosse o ex-prefeito Dib. É um assunto impossível. Hoje estamos, até por uma formatação no passado, no PSDB. Mas mudar para um mesmo partido é impossível.




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