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Ritmo de expansão das montadoras corre risco
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
27/10/2005 | 08:38
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A queda da previsão das exportações de veículos para 2006 ameaça interromper a trajetória de crescimento da produção, registrada desde 2003 na indústria automotiva. Por conta dessa situação, as empresas deverão pelo menos repetir o mesmo resultado de 2005 no próximo ano. A avaliação é de analistas do setor, após o anúncio das revisões para baixo das metas de vendas para o mercado externo pelas principais montadoras devido ao dólar baixo.

A medida está sendo adotada pela General Motors, a Volkswagen, a Ford e a Fiat numa tentativa de amenizar os prejuízos causados pelos sucessivos recuos da moeda americana frente ao real. Em meio a esse cenário cambial desfavorável, as companhias diminuirão em até dois terços o volume de exportações para o ano que vem (veja quadro nesta página). Para reverter a situação, a expectativa no segmento é de que o câmbio volte a subir e se torne novamente competitivo.

A indústria automotiva deverá produzir 2,45 milhões de veículos neste ano, contra 2,2 milhões em 2004 – crescimento de 11% –, segundo projeções da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Já a produção de 2003 foi de 1,82 milhão de unidades.

"Tudo é questão de matemática. As empresas vão diminuir o volume exportado se a rentabilidade cair com a valorização do real", disse o consultor da Beer Consult e ex-vice-presidente da General Motors, André Beer, ao se referir à importância das exportações na plataforma de negócios das montadoras. Para o consultor, o segmento vai repetir o desempenho de produção em 2006, e direcionar seu esforço para o mercado interno.

Para Fernando Rollim, da Rollim Consult, a alta carga tributária embutida nas exportações também agrava o problema, e deixa o produto menos atrativo no exterior. "O Brasil é o único país que também exporta impostos para seus clientes", ironizou. O consultor defende uma política econômica com foco mais direcionado às exportações para as empresas se tornarem mais competitivas.

O diretor-adjunto da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) em Diadema, Walter Bottura Júnior, acredita que os impactos da redução das exportações refletirão diretamente nas micro e pequenas empresas fornecedoras das montadoras. "As fábricas desse porte não têm como absorver essas reduções e fazem adequações a esse cenário com demissões."




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