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Johnson vai do ‘pior do mundo’ ao sonho da Copa
Por Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
04/12/2005 | 08:22
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Quando defendia as cores do Esporte Clube São Bernardo na Série B-1 (quinta divisão) do Campeonato Paulista em 1999, o atacante Johnson sonhava muito. A equipe fazia uma campanha desastrosa – que chegou a render-lhe o título de pior time do mundo. Terminou a competição daquele ano em penúltimo lugar, com apenas três vitórias nos 22 jogos que disputou (sete empates e 12 derrotas), o que já era uma rotina. Marcou 33 gols e sofreu 16. Mas o jogador, que havia migrado de Angola com a família aos 9 anos, tinha ambições de chegar à Copa do Mundo. Seis anos depois, o time está licenciado das competições, e Johnson, por outro lado, pode ter a grande chance de atingir o maior objetivo de sua vida. Está convocado para uma série de amistosos com a seleção de Angola e, se agradar, pode carimbar o passaporte para a Alemanha em 2006. “É uma chance de ouro e tenho de aproveitar”.

Desde que deixou o São Bernardo, Johnson peregrinou pelo mundo. Brigou para sair – ganhou o direito na Justiça – e foi para a Francana, passou pelo Londrina (PR), União Barbarense, Gama (DF) e Turquia. Voltou para o América (SP), passou pelo Juventus, clube em que conquistou o título paulista da Série A-2 e depois chegou à Portuguesa. “Quanta coisa mudou. Já ganhei título, disputei a Copa da Uefa e agora quero conquistar meu lugar na Copa”, afirma.

A vontade de participar do Mundial foi um dos elementos que fez com que o jogador retornasse ao Brasil após dois anos na Turquia. “Lá eu estava muito escondido e sabia que para ter chance em seleção teria de estar num grande clube”.

Johnson realizou o desejo de vestir a camisa de seu país. Disputou amistosos e até partidas válidas pelas eliminatórias na África. Quando Angola conquistou, pela primeira vez em sua história, o direito de disputar o Mundial da Alemanha, sentiu que poderia estar no grupo. “Meu maior sonho é marcar um gol numa Copa do Mundo. Quero mais que um, mas já imagino como será o primeiro”, vislumbra.

Nesta segunda-feira, ele segue para seu país de origem. Foi convocado pela 12ªvez. Vai defender a seleção numa série de amistosos pela Europa e, se agradar ao técnico Oliveira Gonçalves, poderá estar entre os jogadores que disputarão a Copa da África, em janeiro, no Egito. E, pensando um pouco mais à frente, entre os que irão fazer história na Alemanha. “Esta é a chance que eu queria e não vou desperdiçar”, promete.

A notícia da convocação chegou na madrugada da última sexta-feira. O telefone tocou por volta das 5h na casa dos pais de Johnson, no Jardim Santo André, e despertou a família com a boa nova. Supresa, só pelo horário. “Eu já esperava esta convocação. Pelo trabalho que fiz na Portuguesa e pelas conversas que tenho com familiares que estão em Angola”, conta.

Sempre sonhador, Johnson espera que Angola venha a ser a surpresa da Copa. “As equipes africanas quando chegam a uma Copa sempre tentam aprontar alguma surpresa. Não têm nenhuma responsabilidade e podem jogar com alegria. Foi assim com Camarões e Tunísia. Nós vamos à Copa para nos divertir. Angola ainda está comemorando a classificação”, empolga-se. Mas volta à realidade. “Mas eu sei que se Angola passar da primeira fase já será uma vitória”, completa o atacante.




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