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Crianças vão passear e ao chegarem, tudo mudou
Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
28/11/2005 | 08:15
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 “Entrei na casa errada, esta casa não é minha.” “Mano, meu quarto tá da hora.” Ao voltar para casa, domingo à tarde, a surpresa e alegria era evidente no rosto das 20 crianças e adolescentes que vivem sob proteção da Justiça no Lapom (Lar dos Pequenos Obreiros de Mauá). Eles passaram o domingo num sítio, em Ribeirão Pires, participando de diversas atividades recreativas sem imaginar que, enquanto isso, cerca de cem voluntários colocaram a mão na massa para reformar o Lar, uma organização não-governamental na Vila Batone, em Mauá.

A casa foi pintada nas áreas interna e externa. Os quartos ganharam camas, lençóis, persianas e guarda-roupas novos. Brinquedos e livros também foram doados. O mato do jardim foi carpido, a iluminação reforçada e uma pequena horta criada. “Que legal, vou poder comer alface da horta”, exclamou R. dos S., 13 anos, há cinco meses no Lar. R. aprovou a transformação.

M.G.A., 13 anos, diz ter achado “o máximo” as benfeitorias. “O quarto era rosa, olha como tá, mano”, dizia o garoto. Para M., o mais legal foi a troca da cama. “Era mole e o estrado estava quebrado.” W.B.S., 15 anos, contou que gostou da mudança do banheiro. “Era feio.” Há cinco meses vivendo na instituição, W. relata que no começo não gostava muito de lá, mas agora está melhor. “Queria estar em casa.”

As 20 crianças e adolescentes do Lar têm entre 6 e 17 anos. Vítimas de maus-tratos, violência doméstica e abandono, foram enviados para lá pelo Conselho Tutelar e pela Vara da Infância e Juventude da cidade, motivo pelo qual não podem ter o nome divulgado.

A iniciativa da reforma partiu do Cemitério Vale dos Pinheirais, que junto às outras cinco empresas do Grupo ABC, investiram cerca de R$ 30 mil na ação solidária, realizada domingo no mundo inteiro e pela primeira vez na região. O Dia de Fazer a Diferença surgiu nos Estados Unidos e hoje envolve diversos outros países. O grupo procurou o Fundo Social de Solidariedade de Mauá que indicou a entidade. “O voluntariado está crescendo no Brasil. Sozinho ninguém consegue fazer nada”, afirma Maria Beatriz Setti Braga, presidente do Grupo ABC.

Para Constantino Pereira de Souza, presidente do Lar há um ano, a reforma vai servir para conscientizar as crianças e adolescentes a ter mais cuidado com o lugar em que vivem. O lar recebe investimentos públicos federais, estaduais e municipais e existe há 21 anos. As crianças e adolescentes que vivem lá frenqüentam escolas públicas e têm acompanhamento de uma equipe multidisciplinar que inclui educadores, psicólogos, assistentes sociais e monitores.




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