O presidente da República tcheca está longe de ter os poderes de outros dirigentes, mas Vaclav Havel parece ter dado à sua função uma autoridade confirmada, graças à sua visão européia e seu prestígio de combatente pela liberdade.
Depois de 13 anos na Presidência, Havel não pôde tentar a reeleição. A Constituição tcheca, adotada no momento da separação da Tchecoslováquia em 1993, limita a dois os mandatos presidenciais de cinco anos, quando estes são consecutivos.
Vaclav Havel chegou à presidência no final de 1989, somente alguns meses depois de ter sido libertado da prisão, onde foi colocado devido a suas opiniões.
Democracia estritamente parlamentar, a República Tcheca não elege seu presidente por sufrágio universal e são as duas câmaras do Parlamento, em sessão conjunta, que designam o próximo governante.
Segundo as pesquisas, o favorito da opinião é o ex-primeiro-minstro liberal Vaclav Klaus, de 61 anos, outra personalidade carismástica da época pós-comunista que organizou a passagem do país para a economia de mercado.
Apesar disso, os analistas duvidam de suas chances de ganhar. Com o correr dos anos, Vaclav Klaus e seu tom incisivo lhe garantiram muitos inimigos, começando pelo próprio Vaclav Havel.
O partido que fundou em 1991, o ODS (Partido Democrático Cívico), dispõe de militantes importantes, mas não tem maioria nem no Senado nem na Câmara baixa.
A coalizão de centro-esquerda do primeiro-ministro Vladimir Spidla, que só tem uma voz de maioria na Câmara de Deputados e que é minoritária no Senado, não conseguiu designar candidato comum.
O partido social-democrata, dirigido por Spidla, está concorrendo com Jaroslav Bures, um ex-ministro da Justiça. Bures é criticado por ter sido membro do Partido Comunista de 1986 a 1989, pouco antes da queda do regime.
Os comunistas, que ainda têm importante eleitorado (mais de 18% nas últimas legislativas de junho), estão com candidato próprio, um ex-procurador militar de 56 anos, Miroslav Krizenecky, que não tem nenhuma chance.
Um quarto candidato de centro, Petr Pithart, de 62 anos, atualmente presidente do Senado e ex-membro da Carta 77, pode representar um compromisso tanto para a direita como para a esquerda e, segundo um banqueiro de Praga que conhece bem os círculos do poder, "suas ações sobem".
Qualquer que seja a surpresa do resultado, é pouco provável que alguém seja eleito no primeiro turno, pois para isto é necessário maioria absoluta das duas câmaras. Caso não haja resultado no segundo ou terceiro turno, será necessário organizar uma nova eleição.
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