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Problemas psicológicos afastam 60 GCMs
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
01/07/2007 | 07:06
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Aproximadamente 60 guardas municipais de São Bernardo foram afastados do serviço em um ano por problemas psicológicos, de acordo com o movimento grevista da categoria. Isso corresponde a quase 10% do efetivo, formado por 584 homens.

A maioria das baixas foi provocada por retaliações feitas pelo comando da corporação a guardas considerados rebeldes por reivindicarem melhorias de condições de trabalho. Entre as represálias, há relatos de humilhações e assédio moral. Por causa dessas reclamações não atendidas, que incluem reajuste salarial, a greve completa hoje 14 dias de paralisação, com adesão de 90% dos trabalhadores.

Um dos guardas afastados do trabalho por não suportar a pressão é Juscelino Messias Filho, 35 anos, casado e pai de dois filhos. A situação dele chegou a tal ponto que os colegas diziam que ele trabalhava regido pelo RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), procedimento linha dura adotado a presos de alto perigo, como passou o líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola.

"Trabalhava somente no turno da noite e, para me prejudicar, o comando alternava a escala de 12 horas entre dia e noite. Supervisores passaram a me vigiar por todo o canto para não me deixar em paz”, afirmou.

Filho foi obrigado a assinar advertências e foi suspenso quatro vezes seguidas por até 14 dias.

A gota d’água foi passar, no ano passado, a noite inteira sozinho e desarmado em um posto no Parque Santo Antônio.

"Era uma noite de ataques intensos do PCC e fui obrigado a ficar lá sem apoio nenhum. Ficava ouvindo no rádio tudo o que ocorria na área com os atentados e fiquei desesperado. Minha mulher foi me fazer companhia e chorei bastante. A partir de então tive de fazer terapia. Se não fosse o apoio da minha família, não sei como enfrentaria a situação. Pensei até em suicídio”, contou Filho, emocionado.

Vicente de Felice, 43 anos, afastado desde novembro do ano passado, teve de ficar 12 horas parado dentro de um carro da GCM (Guarda Civil Municipal) no Paço Municipal.

"Fui obrigado a pegar o carro na sede da corporação, ao lado do Paço, andar poucos metros e ficar igual estátua lá durante todo o turno. Isso foi feito de propósito, pois sabiam que eu gostava mesmo de ficar patrulhando de moto nas ruas”, disse Felice, primeiro colocado em concurso realizado em 2004.

"Tudo começou porque, como outros colegas, queria melhores condições de trabalho e acabei discutindo com um supervisor. O comando que aí está não respeita a dignidade dos guardas”, afirmou Felice. “As humilhações foram tão grandes que a cabeça não aguenta”, acrescentou.

Uma colega de Felice, que preferiu não se identificar, teve a bolsa da faculdade cancelada. “Estava na metade do curso de Letras e um dia, sem nenhum aviso, fui informada na faculdade que cancelaram o benefício. Não pude terminar o curso e hoje tenho de viver com a ajuda de antidepressivos”, contou.

Guardas que não chegaram a ser afastados passaram por momentos, no mínimo, vexatórios. Um deles chegou a vigiar um banco de praça durante 12 horas e outro a ficar igual período parado em um semáforo com sinalização adequada.

A Prefeitura informou que o comandante da GCM, coronel Antônio Branco, não irá dar entrevista até o término da greve e não vai comentar as acusações e o número de trabalhadores afastados por problemas psicológicos.



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