Moradores da Rua dos Cocais e entorno, no Jardim Guarará, em Santo André, não sabem mais a quem recorrer para reclamar da falta de água diária que acomete a região desde o começo do ano. A ausência do recurso atinge apenas o lado ímpar da via.

Segundo residentes do local, só tem água na torneira oito horas por dia: das 3h às 11h. No tempo restante são obrigados a utilizar o que sobra na caixa-d'água, economizar e criar alternativas para realizar atividades rotineiras. "Retiramos a água da máquina de lavar roupas e colocamos em tambores para usar de novo", diz a esteticista Ana Maria Rodrigues, 38 anos.

Há dias, porém, em que não há abastecimento. "Ficamos sem água desde às 15h de sábado, mas voltou ontem (segunda-feira) pela manhã. Em fevereiro chegamos a ficar quatro dias sem água", reclama Ana Maria.

Assim que o fornecimento é interrompido, os moradores acessam a página do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) na internet para checar se há algo errado na região, mas no site a informação é sempre a mesma: abastecimento normal. Conseguir contato pelo telefone também é tarefa que exige paciência, já que as linhas estão sempre ocupadas.

Acúmulo de peças de roupas para lavar, dificuldades para preparar comida e itens sujos nas pias são situações rotineiras. "Eu e minha filha estamos sem tomar banho. Ontem não almocei nem jantei. Não tenho dinheiro para comprar água", reclama a doméstica Sueli Ferreira Pereira, 61.

A nora e o neto da costureira Maria José Rocha de Souza, 46, são obrigados a ir para casa de parentes. "Mesmo quando tem água, a pressão não é suficiente para chegar até a caixa-d'água."

O Semasa informou que algumas vias têm o fornecimento de água dificultado porque ficam em locais distantes dos reservatórios. No caso da Rua dos Cocais, o recurso provém dos reservatórios Vila Vitória alta e Vila Vitória baixa. Quando o volume de água fornecido por um deles é insuficiente, o Semasa interrompe o abastecimento e aciona o outro reservatório, razão pela qual determinado trecho da rua fica sem água e o outro não. A autarquia disse que resolverá o problema a partir de mapeamento das áreas de distribuição de água e seus reservatórios, e que a construção da ETA (Estação de Tratamento de Água) Pedroso, financiada em R$ 80 milhões pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal, aumentará a capacidade de produção de água potável.

Sobre a falta de água no fim de semana, o problema ocorreu por conta do desligamento temporário da estação elevatória Sapopemba para serviço de manutenção da Eletropaulo.