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Paço de Santo André é tombado

Projeto de Rino Levi e paisagismo de Burle Marx são preservados

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
08/05/2013 | 07:00
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Com projeto do arquiteto Rino Levi e paisagismo de Roberto Burle Marx, o Paço de Santo André foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), do governo estadual. Projetada entre 1965 e 1968, a obra é até hoje considerada contemporânea por seu estilo arquitetônico em intensa relação com a paisagem, tanto urbana quanto natural. O decreto de tombamento foi publicado no dia 8 de abril.

Para a gerente do Museu de Santo André, Fátima Regina Tavella Leal, o Paço é um marco do desenvolvimento da cidade. "Trata-se de um elemento referencial na paisagem e na memória afetiva dos cidadãos. O projeto foi feito em uma época de ascensão da industrialização no município e tomou emprestada a ideia de Brasília ao reunir os três poderes num só lugar: Executivo, Legislativo e Judiciário. Tornou-se, então, o centro cívico do município."

A arquiteta e urbanista Silvia Passareli destaca as características modernas do edifício do Executivo, como a facilidade para a circulação de ar, o que dispensa o uso do ar condicionado, e a possibilidade de se evitar a quebra das paredes ao alterar instalações elétricas. "Para a época em que foi construído, tudo era muito avançado. E é considerado moderno até hoje."

O decreto estadual determina a preservação das áreas interna e externa dos prédios do Executivo, da Câmara Municipal e do Judiciário, além de toda a praça e paisagismo.

Com o tombamento, Silvia destaca que será necessário rever o local de instalação da escultura da artista plástica Tomie Ohtake, anunciada em março. "O lugar inicial, entre o espelho d'água e o prédio da Câmara, alteraria o paisagismo, portanto, não é o mais indicado. De qualquer forma, a instalação deverá antes ser aprovada pelo conselho."

HISTÓRIA

O Paço Municipal de Santo André é parte integrante dos processos de transformação e modernização do Estado de São Paulo na segunda metade do século 20. Para o Condephaat, o projeto expressa em uma praça cívica a ideia de cidade moderna como concepção urbanística de utopia democrática. Trata-se do único Paço projetado por Rino Levi e foi, inclusive, seu último trabalho, já que ele morreu em 1965. O conselho também destaca a utilização inteligente do terreno, que intercala edifícios e área livre articulados em conjunto de vários planos e praças intermediárias sem a utilização de aterros.

Já o projeto paisagístico de Burle Marx caracteriza-se pela integração dos edifícios com a área livre recoberta por mosaico português, articulando volumes de espécies vegetais com rampas e escadarias.




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