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Importado aumenta uso de gasolina
Por Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
04/12/2010 | 07:11
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Projeção da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) indica que o País vai encerrar o ano com a importação de cerca de 600 mil veículos - aumento de 21,2% ante as 488 mil unidades importadas em 2009.

Além de exporem a dificuldade de competição do carro nacional, importados também ajudam a aumentar o consumo de gasolina, já que uma parcela não conta com motores flexíveis.

Segundo o relatório da Anfavea, o Brasil deve fechar o ano com cerca de 300 mil carros movidos só a combustível fóssil. Em 2008, o País recebeu 217.021 carros a gasolina. Em 2009, o número foi de 221.702 unidades.

De acordo com o professor da Poli (Escola Politécnica da USP) e técnico da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Francisco Nigro, além de ajudar a refrear a contínua expansão do etanol, a maior circulação de carros só com motores a gasolina aumenta ainda mais a poluição nas grandes cidades brasileiras.

"Grande parte dos importados, principalmente os mais sofisticados, roda em São Paulo, Estado em que o governo tem uma das metas mais ambiciosas do Brasil para redução de poluentes", afirmou. "O aumento do uso da gasolina, é claro, interfere nos planos."

Para Nigro, mais preocupante que ter muitos carros 100% a gasolina rodando é o Estado não garantir as condições para que os veículos flexíveis circulem a maior parte do tempo com etanol, combustível que durante todo o seu ciclo - da produção ao consumo - é muito mais eficiente do ponto de vista ambiental.

Desde 2003, quando surgiu no País, o carro flex só cresce no Brasil. Sete anos depois de seu desenvolvimento, em julho deste ano, o número de veículos produzidos com a tecnologia já superou a marca de 10 milhões de unidades. Deve encerrar o ano perto das 12 milhões.

No Brasil, o flex revolucionou o mercado de combustíveis na medida em que dá ao consumidor o poder de regular a demanda. Quando o álcool tem seu preço até 30% menor que o da gasolina, é mais vantajoso.

Com isso, a tecnologia flex resgatou a produção e venda do álcool, que até então estava desacreditada em razão do desabastecimento nos anos 1980. O consumo do etanol cresceu fortemente nos últimos anos em mercados próximos às regiões produtoras nos Estados do Centro-Sul, como São Paulo.

Neste ano, porém, quebras de safra, aumento da produção de açúcar para o mercado externo e maior número de importados a gasolina refrearam o crescimento do etanol, que apontava tendência de superar o consumo de gasolina em todo o País.

Segundo dados da Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), as vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul, acumuladas de abril até 15 de novembro, somaram 16,60 bilhões de litros - 4,39% abaixo do total para o mesmo período do ano passado.

Flex é diferencial de competitividade para veículos estrangeiros

Mais da metade dos 600 mil carros que o Brasil importará em 2010 tem motor flexível. Vindos em grande parte da Argentina e México, países com os quais o Brasil tem acordo de livre comércio na indústria automobilística, a maioria desses veículos recebe a tecnologia, pois são fabricados por montadoras que também operam no Brasil e que fazem intercâmbio de produção.

O Chevrolet Agile, por exemplo, é produzido na fábrica da General Motors na Argentina. Lá, o carro é oferecido a gasolina. Para cá, vem a versão flex. Neste ano, contabiliza 58.861 unidades vendidas só no Brasil.

A Nissan traz do México o Tiida flex, embora no país em que é fabricado a tecnologia não seja usada, já que o etanol não faz parte da matriz energética mexicana.

Como é um diferencial de competitividade no Brasil, marcas que não têm motor flexível buscam desenvolvê-lo. É o caso da Kia, que vai lançar no ano que vem o Soul e o Cerato com motor 1.6 que pode rodar tanto com álcool quanto com gasolina.




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