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'Observo como o álcool destrói famílias', diz delegada
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
21/10/2004 | 09:20
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A delegada responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema, Maria Angélica Serpe Fernanda da Cruz, vê no seu cotidiano reflexos do resultado da pesquisa divulgada nesta quarta pela Pire (Pacific Institute for Research and Evaluation) sobre violência doméstica. O estudo apontou que a lei seca foi a principal fator de redução, nos últimos dois anos, das agressões domésticas praticadas contra mulheres. Em média, nove mulheres deixaram de ser agredidas por mês na cidade.

"Nós observamos no cotidiano que o álcool age de maneira destrutiva no relacionamento familiar. Quanto mais o marido bebe, mais aumenta a probabilidade de agredir a mulher. É um fato que não podemos desconsiderar. A lei seca interferiu muito no comportamento da população. Estudos internacionais já demostram há muito tempo a relação entre álcool e violência", afirmou Maria Angélica.

Para a delegada, a queda do número de agressões não foi reflexo da neglicência das mulheres em não prestar queixa. "Acho que não procede, pois há uma tendência mundial de mais mulheres procurarem ajuda e registrarem a ocorrência de agressão. Hoje em dia, existem diversos programas elaborados pelo governo (estadual e municipais) que estimulam as vítimas de agressão a fazer a denúncia", ressaltou a delegada.

De acordo com Maria Angélica, a violência doméstica é resultado de uma série de desvantagens culturais que as mulheres sofrem há décadas e que contribuem para o agravamento de problemas familiares.

"A mulher, geralmente, sempre leva desvantagem em tudo. No trabalho, encontra mais dificuldades para conseguir emprego do que o homem. Quando consegue, recebe um salário menor. Também tem de arcar com o serviço doméstico. Muitas vezes, quando chega do trabalho, leva uma bronca do marido por qualquer descuido."

Planos - Maria Angélica disse que pretende consultar segmentos sociais e políticos da cidade para implementar novas medidas que ajudem a melhorar a situação das mulheres.

Uma das idéias em formação é a contratação de estagiários, que estejam no último ano dos cursos de Psicologia e Direito, entre outros cursos, para que possam oferecer orientação às mulheres.

"Como compensação a esses estagiários, eles poderiam ser beneficiados com concessão de títulos quando fizerem concursos públicos. Seria um incentivo interessante aos estudantes, além de ser de uma iniciativa de baixo custo", disse a delegada. Ela afirmou que vai entrar em contatdo com lideranças comunitárias, sociais e políticas de Diadema para debater o assunto. "Espero que gostem da minha sugestão ou, pelo menos, que procurem melhorá-la", argumenta Mária Angélica.




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